Depois de pedirem o jantar Alfonso bebeu um pouco do vinho e fez um leve barulho com a garganta.
Alfonso: Annie, será que já podemos conversar?
Anahí: Acho que podemos - puxou o ar e olhou Alfonso - Desculpa ter prolongado tanto isso, acho que agora estou pronta pra essa conversa - baixou o rosto - Poncho eu quero que você me conte tudo, desde o primeiro momento - o olhou - Quero que seja sincero comigo, porque se quisermos que isso dê certo temos que começar com sinceridade.
Alfonso: Annie eu me empenhei demais pra crescer naquele hospital, passava dias e noites ali me matando pra ser reconhecido, enquanto você estava em casa com a nossa filha. Tenho remorso por isso, perdi muito tempo longe de vocês - a encarou - Quando eu chegava em casa, muitas vezes estava cansado, estressado. Você sabe, rotina de hospital é dureza, você tem que soar - Annie balançou a cabeça - Você chamava minha atenção por isso, por eu estar sempre tão ausente de vocês, e isso me irritava, porque na minha cabeça eu estava fazendo o melhor pra gente entende? - mexeu a mão que estava apoiada na mesa, parecia desconfortável com o assunto - Tudo o que eu queria era que ao chegar em casa você me recebesse bem, orgulhosa - olhou Anahí - Annie isso era minha visão aquela época, hoje sei o quanto estava sendo egoísta, pensando só no meu crescimento, no meu querer.
Anahí: Uhum - incentivou ele a continuar.
Alfonso: Além de você reclamando, tinha também a Gi. Eu chegava exausto, e tinha que escutar gritos, choros, brinquedos espalhados pela casa inteira - Anahí prestava atenção - Você sabe que isso nunca me agradou, nunca quis ter filhos - Annie se doeu com essa afirmação.
Anahí: Pensei que tivesse superado isso depois que ela nasceu.
Alfonso: Não superei. E isso só piorava quando eu queria curtir nós dois, e ela sempre estava entre nós, não podíamos sair porque ela não ficava na casa de ninguém sem você, não podíamos nem mesmo ficar bem na nossa casa, porque a cada minuto você levantava pra conferir se ela estava respirando. Então quando Camila pela primeira vez veio falar comigo, me chamando pra sair, pra espairecer, eu fui.
Anahí fechou os olhos. Escutar aquilo doía demais.
Alfonso: Me sentia bem com ela Annie - baixou a cabeça se sentindo culpado - Com ela não tinha cobranças, não tinha choros, não tinha brigas, não tinha brinquedos pela casa... Eu não amava ela, ela só podia me dar aquilo que eu sempre quis. Me elogiava, elogiava meu trabalho, me recebia bem depois de um plantão cansativo. E mais uma vez meu egoísmo me fez cometer um erro terrível. Comecei a me aproximar cada vez mais dela, e cada vez mais você me cobrava atenção, cada dia mais nosso casamento se desfazia, cada dia mais eu queria estar longe de casa.
Anahí: Porque Alfonso? - sua voz saiu fraca, precisava controlar a vontade absurda que sentia de chorar ali - Porque você não conversou comigo? Porque não me disse o que estava sentindo?
Alfonso: Não sei, não sei meu amor - puxou a mão de Annie pra si - Eu era um imaturo idiota Annie, começamos tudo tão cedo, mal terminamos a faculdade e já nos casamos, você engravidou... Eu queria viver, queria ser livre. Mas eu não queria deixar você. Ao mesmo tempo que tinha vontade de sair correndo, era pra lá que eu tinha vontade de voltar todos os dias. Era em você que eu pensava enquanto estava com ela. Só que acabei confundindo tudo, pensei que estava apaixonado. Até o dia em que ela teve que viajar, passou dois meses fora. Foi nesse tempo que consegui ver que você era quem eu precisava, só de você, não queria mais ninguém.
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Enquanto Houver Razões ❥
RomanceAté onde você deixaria tudo por amor? O que seria seu limite? Quantas noites de choro iria aguentar? Quantas datas importantes passaria sozinha? Quanto tempo suportaria a dor da solidão? Me pergunto se estou agindo errado, se devo acabar com tudo is...