Anahí entrou em seu quarto desesperada, sua respiração estava falhando. O coração batia sem parar. Aquilo não podia acontecer. Ele não teria coragem de fazer aquilo. Não seria tão frio ao ponto de sair de casa como se fosse um fugitivo, sem ao menos lhe pedir desculpas. Ela não queria suas explicações, é verdade. Mas acreditou que ao menos ele estaria arrependido. Que imploraria pelo seu perdão, imploraria para que ela o aceitasse de volta.
Anahí: NÃO! NÃO! NÃO NÃO NÃO NÃO - gritava enquanto corria as portas do enorme closet - MEU DEUS NÃO PODE SER! - puxou as gavetas uma por uma, e foi deixando todas abertas. Vazias. Estava doendo. Doía demais. Eram dez anos, não deixaria de amá-lo tão rápido. Sentiu que iria cair à qualquer momento, não sentia mais suas pernas. Sua visão já estava embaçada devido as lágrimas. Encostou-se na enorme porta com espelho que antes guardava as roupas do marido e foi escorregando até chegar ao chão.Dulce: Anahí pare, por favor pare com isso! - estava nervosa, não sabia lhe dar com aquela situação. - anda, levante daí!
Maite: Annie por Deus, a Giovanna vai ficar assustada se te ver assim - olhava pra porta para impedir que a sobrinha entrasse e visse a mãe naquele estado.
Anahí: Não tem mais sentido. Não quero mais viver. Não aguento mais, não aguento mais... - falava sem parar, suas lágrimas escorriam grossas pelo rosto. Colocou a mão no cabelo e tampou parte do seu rosto - Eu não aguento mais esse inferno.
Maite: Annie para! Não fale mais isso nem por brincadeira. Onde está seu juízo? - andou até a amiga que ainda falava coisas sem sentido e chorava feito criança.
Giovanna: Mamãe! - Ouviu os gritos da mãe e entrou correndo no quarto com os olhos cheios de lágrimas - Mamãe porque você ta assim?
Anahí: Dulce por favor, TIRA ELA DAQUI - afastou a filha com os braços, não queria que ela presenciasse aquilo tudo.
Giovanna: Ma-mãe - soluçava e tentava a todo custo agarrar a mãe, mas Anahí a afastava. Dulce colocou as mãos nos ombros da afilhada tentando puxá-la, mas a menina se jogou contra, tentando ir com a mãe.
Dulce: Vamos Gi, sua mãe vai ficar bem, a tia Mai vai cuidar dela - pegou a menina de costas, pois ela se jogava contra o chão, com o rosto já vermelho de chorar - Annie, se ele foi burro para ir embora, seja esperta o suficiente para deixá-lo ir, certo? - virou para Mai - Fica com ela hoje? Vou levar a Gi pra casa, acho que o clima não está bom pra criança aqui...Maite: Nem precisava pedir isso Dul, pode ir, fique tranquila - deu um beijo na testa da sobrinha e foi até Annie que estava com a cabeça encostada na porta do guarda roupa, de olhos fechados - Amiga, vem. Você precisa de um banho, precisa descansar - esticou as duas mãos para ajudar a cunhada levantar.
Anahí: Aí, meus olhos estão ardendo demais - esticou as mãos e levantou com a ajuda de Mai - Sou uma idiota - limpava as lágrimas - Depois de ver aquele imbecil com outra, ainda consigo me humilhar ainda mais - andou devagar pro banheiro.
Maite: Não se torture amiga, fez entre pessoas confiáveis. Além da sua atitude ser normal, acabou um casamento de anos - suspirou - Vou fazer um chá pra gente.
Anahí: Certo - entrou no chuveiro e passou quase meia hora no banho. Ainda derramou algumas lágrimas, lembrou do desespero da filha e se sentiu terrivelmente mal. Tudo o que queria era poupá-la disso tudo, e olha só o que fez. Pediu a Deus que lhe desse força pra suportar aquilo tudo.
Depois do banho Anahí deitou na cama e bebeu o suco de maracujá que Mai havia feito. Desistiu do chá devido ao calor que fazia, passaram horas conversando. Mesmo que quisessem falar de coisas aleatórias, tudo acaba no nome de Poncho. Quando estava próximo das dez da noite, resolveu ligar na casa de Dulce.
Dulce: Alô?Anahí: Oi amiga, a Gi ainda está acordada? - olhou pra Mai que agora já estava deitada no lugar que antes era de Poncho.
Dulce: Annie! Está sim - afastou o telefone da boca - GI! Sua mãe meu amor, ela quer falar com você - voltou a por o telefone na orelha - Me diz como você está? Me deixou apavorada sabia?
Anahí: Estou melhor, estou bem melhor na verdade. Foi apenas o choque do momento - suspirou - Preciso ser esperta o suficiente não é? Não direi mais nada daquilo eu prometo - escutou de fundo a voz da filha "Dindinhaaaaa, meu padrinho não quer me soltar!", não conseguiu deixar de sorrir.
Dulce: Não sabe como fico aliviada por isso Annie! Um segundo... - Anahí percebeu que Dulce andava, as vozes Da filha e de Ucker aumentavam de volume - Christopher dá pra parar de ser mais criança que ela?! Solte a menina, anda!
Christopher: Mas amor... - soltou Giovanna que o olhou com uma cara de sapeca.
Giovanna: Ahá, eu disse que era minha madrinha que mandava em você! - disse enquanto corria pra pegar o telefone - Mãae - sua voz mudou, falou em um tom bem manhoso agora.
Anahí: Oi bebê! Vai dormir longe da mamãe hoje?
Giovanna: É que cê tava chorando, e minha madrinha me trouxe pra cá - colocou um dedinho em um dos olhos querendo chorar - Mas eu queria ir dormir com você, vem me buscar?
Anahí: Eu sei meu amor, mas a mamãe não vai chorar mais tudo bem? - prosseguiu após escutar um "uhum" baixinho da filha - E amanhã, bem cedinho vou te pegar combinado? Sua madrinha vai ficar muito triste se você não dormir juntinho dela hoje.
Giovanna: Tá bom mamãe - olhou os padrinhos que estavam sentados na cama prestando atenção na conversa das duas, já que o telefone estava no viva voz - O papai já chegou? - Droga. Giovanna fez a pergunta que Anahí, Dulce e Ucker tanto temiam.
Anahí: Não. Seu pai está. Ele não vai... - não sabia o que dizer - Ele não, não chegou meu amor.
Giovanna: Ah... Mas ele não vai demorar tá bom? Não fica com medo do monstro que o papai bem manda ele embora e protege a gente de todos os monstros - disse sorrindo, enquanto os padrinhos se olhavam inquietos - Boa noite mamãe, te amo do tamanho de uma elefante mulher com bebê na barriga - fez um bico próximo ao telefone e o beijou, fazendo um barulho estalado no ouvido de Annie.
Anahí: Que beijo mais gostoso - sorrio com os olhos cheios d'água - Boa noite minha vida, eu amo você.
Após desligar, se ajeitou na cama e conversou mais com Maite até o sono dessa chegar e acabar dormindo. Anahí não conseguiu por um momento sequer. Pensava em Poncho. No que estaria fazendo agora, se estaria doendo nele o tanto que estava doendo nela. Se ele pensava na filha. E o que mais queria saber era onde ele estava agora. Se estaria nos pais, em um hotel, ou com Camila.
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Enquanto Houver Razões ❥
RomanceAté onde você deixaria tudo por amor? O que seria seu limite? Quantas noites de choro iria aguentar? Quantas datas importantes passaria sozinha? Quanto tempo suportaria a dor da solidão? Me pergunto se estou agindo errado, se devo acabar com tudo is...