Capítulo 4

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Os dias depois desse foram monótonos, como de costume. Eu não vira Oliver por cerca de três dias e no quarto dia, só nós esbarramos na escadaria, quando eu estava voltando do mercado e ele estava saindo para jogar o lixo fora. Quando o tempo passava assim, eu até que não me importava em não encontrá-lo. O trabalho na biblioteca estava um pouco pesado e eu passava de oito a nove horas seguidas atendendo clientes sedentos por livros enormes. Em meu tempo livre, escrevia algumas crônicas que vez ou outra vendia para a cafeteria que ficava no andar de cima da biblioteca.

Os dois estabelecimentos pertenciam ao mesmo dono e a maioria das pessoas que pegavam os livros da biblioteca, subiam para o andar de cima para sentar-se, beber algo e ler o livro pego. Toda essa coisa de vender meus textos aconteceu quando num dia, eu estava em meu horário de descanso do trabalho, na cafeteria, e aproveitei para escrever as minhas bobagens. O dono, bem curioso, se aproximou e pediu para ler o que eu havia escrito. Felizmente, ele acabou gostando e decidiu que iria comprar um bocado para juntá-las em livretos e deixar cada um deles nas mesas da cafeteria, para que os desprevenidos tivessem algo para ler. Aceitei a proposta e ganhei alguns trocados a cada texto escrito, podendo além disso, expandir o meu trabalho como escritora ou quase isso.

Vez ou outra, ele voltava a ler meus textos e comprá-los, mas isso não acontecia frequentemente. O fato é que, trabalhar por tanto tempo na biblioteca e depois ir direto para casa dormir ou assistir televisão e não sair em hipótese alguma, me fez não ver muito Oliver. Mesmo que tudo isso pareça muito estranho, tive a sensação de querer conversar com ele a qualquer hora, mas os dias continuaram a se passar e nada aconteceu. Até que a minha campainha tocou. Eu nunca torci tanto para que fosse Oliver. Enquanto caminhava do quarto para a sala, cruzei os dedos, como se algo incrível pudesse acontecer na hora de saber quem estava querendo me ver. Eu repetia mentalmente o seu nome e, ao abrir a porta: decepção. Era a moradora do quinto andar, Lourdes, que provavelmente viera me pedir para passear com seus cães.

- Boa tarde, querida. Como você está? – Sorriu dona Lourdes, segurando em cada mão uma coleira, onde estavam presos seus cães Mike e Lulie.

- Boa tarde, dona Lourdes. Posso ajudá-la?

- Claro, querida. Que tal passear com os meus bebês?

- Agora? – perguntei.

- Mas é claro, meu doce. Tome aqui a quantia que combinamos para o seu serviço.

- Obrigada... – guardei o dinheiro no bolso enquanto pegava os cães, antes que Zoé os visse.

Fechei o apartamento e dona Lourdes subiu. Desci as escadas com Mike e Lulie e fui até uma pracinha que era bem próxima do prédio. Caminhei por cerca de meia hora até me sentar num banco e amarrá-los na haste do encosto. Esfreguei os olhos e observei o parque, que estava relativamente cheio. Eu já pretendia ir embora, pois o meu horário de trabalho era das quatro da tarde à meia noite e já eram quase três e meia. Tudo já estava bem organizado em minha mente sobre os horários, até que alguém tocou meu ombro por trás e ao me virar pude ver claramente que era Oliver.




Minha Querida Sem Nome IIOnde histórias criam vida. Descubra agora