Capítulo 18

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Abri os olhos depois de muito tempo e descobri que havia dormido sem querer e já era noite. O apartamento estava escurecido e Zoé estava ao meu lado, na cama e aproveitei para fazê-la um carinho rápido. Eu ainda me sentia mal. Meus olhos estavam inchados e a minha cabeça doía muito, mas me levantei e fui até a cozinha.

Abri a geladeira e procurei por algo gelado para beber e não havia nada além de muitas latas de cerveja. Liguei o som, baixo e reuni todas as latas. Sentei-me no sofá e as encarei, uma por uma. Minha ideia principal era beber todas as latas de cerveja, mas eu não queria fazer aquilo. Era só mais um dos meus impulsos descontrolados e bestas.

Aquela não era eu, eu sabia que não era. Era uma mulher desiludida, confusa e abstrata que precisou de bebida para querer falar o que pensa ao mundo. Eu não queria precisar desse fator para falar o que sinto, mas eu não era assim e sabia que beber me faria alcançar tal utopia.

Então eu bebi descaradamente, até que cada uma das latas estivessem vazias, até que o meu eu se esvaísse, até que minhas lágrimas cessassem, até que meus sentimentos morressem, até que meu corpo ficasse dormente.

E tudo começou a ficar estranho e as imagens na minha cabeça estavam malucas. Comecei a querer ir dormir, mas no momento, optei por fazer outra burrada. Fui até a porta de Oliver e a chutei sem dó nem piedade. Mas não, meus amigos, eu não dei só um chute, dei vários pontapés naquela porta idiota, até que ela ficasse um pouco amassada e meu pé estupidamente dolorido e avermelhado.

Oliver apareceu assustado, abrindo a porta e ao me ver cambaleando e tentando me apoiar na porta, pareceu assustado.

- Ella! O que houve? Você está bêbada? – perguntou.

- Bebi sim! E daí? Você se importa comigo, por acaso? – falei.

- O que você está fazendo, hein? O que houve? Você nem é de beber assim! – falou em um tom bem alto.

- Cala essa boca, seu idiota! Você não sabe de nada mesmo! Ou será que eu não sei? – cambaleei em direção à sala de Oliver e me sentei no sofá, enquanto ele fechou rapidamente a porta e sentou-se ao meu lado.

- Do que você tá falando? – perguntou Oliver.

- Você tem namorada! Que merda! Por que você não me contou? Não confia em mim, poxa? Quer saber, você é um idiota mesmo. Eu te odeio tanto! – berrei, furiosa.

- Ella, me desculpa... eu...

- Por favor, não comece a falar mais idiotice pra mim. Eu achava que você se importava! Eu achava que me considerava sua amiga! Eu te contei tudo sobre mim e você me escondeu isso! Você me fez crer que haviam chances, mas não haviam! Eu te odeio, te odeio! – berrei para o alto.

- Eu queria ter te contado, eu queria ter sido melhor para você. Eu só... – tentou explicar Oliver.

- Você partiu o meu coração! Me fez confiar!

- Mas você pode confiar em mim... e eu vou confiar em você! E eu vi que você parecia gostar de mim, por isso não te contei! Eu não queria que ficasse mal! – falou Oliver, em desespero.

- E como acha que estou agora? Eu te odeio! E por favor, pare de ser tão babaca... – falei baixo, enquanto batia em seu peito e agarrava, já sem forças, a sua camisa e um pouco dos seus cabelos, na altura de seus ombros.

- Ella... – falou Oliver, olhando para mim com os olhos que se enchiam de lágrimas.

Eu fechei os meus e comecei a chorar, não sei se de raiva ou decepção, mas chorei. As lágrimas encharcavam a minha roupa e eu apertava cada vez mais forte a camisa de Oliver, até deixá-la completamente amarrotada.

Oliver se aproximou de mim devagar e senti sua respiração em meu rosto. Eu abri os olhos e o vi embaçado. Ele começava a passar a ponta dos dedos em meu rosto para limpar as lágrimas. Olhei-o no fundo dos olhos, que estavam bem próximos dos meus e ele aproximou-se um pouco mais e beijou meus lábios e eu senti como se aquele fosse o primeiro beijo da minha vida.




Minha Querida Sem Nome IIOnde histórias criam vida. Descubra agora