Capítulo 10

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Pela manhã, recebi uma ligação de seu Carlos, o meu chefe, avisando que agora o meu horário de trabalho seria pela manhã e, que pelo meu constante esforço na biblioteca e às vezes na cafeteria, ele me daria dessa vez mais um dia de folga. Apesar de possuir mais um dia de folga, não sei se fiquei muito feliz com isso. Ter folga, para mim, é só mais um motivo para ficar na cama sem fazer nada. Porém, sobre o novo horário, concordei.

Depois de desligar o telefone tomei café, alimentei Zoé e decidi que deveria arrumar algumas tralhas espalhadas pelo meu apartamento. Então sim, foi o dia da faxina. Lavei a enorme pia de louça que já se acumulava, limpei o chão, o banheiro, arrumei o quarto, empilhei os discos e até espanei os quadros de filmes e bandas na sala que estavam completamente empoeirados. A manhã passou bem rápido dessa forma e na hora do almoço, comi numa lanchonete que fica a dez minutos do meu prédio. Na volta, recebi no celular a ligação da minha melhor amiga, Rita, que me chamou para ir à noite em uma tal de uma festa, balada, não sei bem o que era.

Concordei em ir à tal festa, mesmo tendo em mente que esse tipo de local não é o meu favorito. Sei que posso parecer uma pessoa completamente antiquada, chata e sem-sal em alguns momentos, mas eu nunca me acostumei com a ideia de ficar duas horas presa dentro de um cubo escuro com alguns flashes de luzes coloridas, tentando dançar enquanto esbarro em caras bêbados de um lado e mulheres de salto altíssimo do outro. Eu gostava de ir a bares e shows de vez em quando, mas ainda assim, a minha praia era a calmaria.

Quando cheguei em casa, tive certeza de que Oliver não estava lá, já que agora eu sabia que ele trabalhava como editor pela manhã até quase um pouco depois da hora do almoço, não faria diferença bater em sua porta para conversar ou convidá-lo para tomar café. Depois de algumas boas horas, Rita chegou em meu apartamento e carregava uma bolsa enorme.

- Que droga de bolsa enorme é essa, Rita? – perguntei.

- Querida, o mundo da moda está aqui dentro! – respondeu Rita, feliz e mirabolante como se fosse uma revendedora de cosméticos ou algo do tipo.

Fechei a porta e ela se sentou em meu sofá, abrindo a enorme bolsa e tirando de lá vestidos, sapatos e muita, muita maquiagem.

- Não me diga que terei de usar essas coisas hoje na festa. – retruquei.

- Mas é claro que vai, menina! Da última vez passei a maior vergonha com você de tênis dentro de uma balada. – brigou Rita.

- Rita, eu nem sei se quero mesmo ir à essa balada... Você não acha lá muito apertado, escuro e barulhento? – resmunguei.

- É só hoje, ok? E você nunca mais saiu comigo! Dá pra me fazer esse favor? – ralhou.

- Tá, só dessa vez! – falei.

Depois de deixar de lado a bolsa, Rita ligou minha televisão e pediu uma xícara de café e eu o fiz. Ela passava os canais da TV tão depressa que parecia estar completamente entediada. Entreguei-a o café e sentei-me no sofá. A noite já estava chegando e Rita começava a se animar para sair.

- Eu acho que já vou me arrumar. Será que posso tomar banho? – perguntou.

- Pode, só não faça minha conta de água vir estupidamente cara. – ri.

- Sim, senhora. – brincou.

E lá se foi Rita produzir-se e eu aproveitei para checar na sua bolsa, qual roupa poderia combinar comigo. Só haviam vestidos lá e até aí tudo bem. Procurei por algum que fosse um pouquinho abaixo do joelho e encontrei um incrível, preto, solto, fosco e com rendas. Tive certeza de que usaria aquele e depois, escolhi um sapato qualquer que combinasse com o vestido, assim como a maquiagem.

Pela primeira vez, Rita não demorou tanto para tomar banho e depois de uns vinte ou trinta minutos, saiu do banheiro já com o vestido e o sapato que comprou para sair. Entrei no banheiro depois dela e tomei uma ducha rápida. Me vesti, coloquei os sapatos e fiz a maquiagem. Quando saí do banheiro, Rita deu um berro e pediu para que eu desse uma voltinha.

- Caramba! Você está demais! Vai arrasar assim. – berrou Rita.

- Obrigada, eu acho. – agradeci.

Depois de estarmos arrumadas, pegamos o resto dos acessórios e saímos. Enquanto descíamos as escadas devagar, vi Oliver se aproximar do lado contrário e me olhar nos olhos. Continuamos descendo mesmo assim e ele subiu, sem dizer nada. Meu coração estava batendo tão depressa que eu começava a ter certeza de algo terrível sobre mim: eu havia me apegado, pelo menos um pouco.



Minha Querida Sem Nome IIOnde histórias criam vida. Descubra agora