Durante a semana da minha decisão de me mudar, comecei a empacotar os livros, quadros, pratos e discos para que o dia da minha saída do prédio não tardasse. Aquela seria a segunda vez que eu me mudaria sozinha, afinal, a primeira vez fora quando saí da casa dos meus pais.
A ideia de me mudar no começo era excitante e interessante, mas aos poucos tornou-se cansativa e também despertou em mim um certo medo de ir morar em um local desconhecido. O apartamento que eu estava prestes a deixar foi meu cafofo por longos cinco anos e sair dele assim, sem mais nem menos, me dava um pouco de aflição.
Vez ou outra, Zoé demonstrava um olhar incrivelmente humano de "finalmente vamos sair desse lugar, já não aguentava mais" o que me fez rir incontrolavelmente ao imaginá-la falando isso. Eu realmente esperava que ela se habituasse ao novo local que iríamos morar apesar de não ser tão diferente do local anterior. Iríamos morar em outro apartamento, dessa vez um pouquinho maior, mais novo e com incríveis elevadores, finalmente! E não é só isso, os prédios da cidade para onde iríamos eram bem mais altos e ao invés de morarmos no segundo andar, como no antigo, moraríamos no décimo andar.
O fato é que durante a semana, tudo foi arrumado para a mudança e um caminhão já levava aos poucos as coisas ao novo apartamento. Antes de sair do local que até então era o meu favorito no mundo, dei uma boa olhada no ambiente vazio e lembrei-me do momento que fui morar lá pela primeira vez, aos vinte anos. Algumas coisas haviam mudado e eu havia amadurecido, mas talvez não estivesse tão pronta para deixar minha primeira moradia. Apesar desse meu momento de melancolia, sorri de lado, fechei a porta, tranquei-a e desci as escadas devagar, levando Zoé em sua caixinha de passeio.
Quando cheguei no térreo, fui até a portaria e lá estava seu Márcio, esperando para se despedir e pegar a chave do apartamento. Coloquei a caixinha de Zoé no chão e dei-lhe um abraço apertado, enquanto me despedia.
- Não se esqueça de verificar a sua caixa de correio antes de sair, para não esquecer nenhuma conta ou carta. – falou seu Márcio, depois de me abraçar.
- Ah, claro! Obrigada por me lembrar. – falei, indo em direção à caixa de correio com o número condizente ao meu antigo apartamento.
Ao abrir a caixa de correio vi que ela estava com algumas contas, propagandas e folhetos. Peguei tudo o que havia lá e coloquei em meus bolsos da calça, que já começavam a ficar bem cheios. Depois de guardar todos os papéis, percebi que ainda havia um anúncio no fundo da caixa, e puxei-o para colocar no bolso, quando percebi que debaixo deste folheto havia uma carta de Oliver.
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Minha Querida Sem Nome II
Romansa"Ela", "Você", "Moça" é uma jovem adulta que mora com sua gata Zoé em um apartamento na cidade grande. Ela trabalha em uma biblioteca e gosta de escrever crônicas em seu tempo livre ou então ir a um bar perto de sua casa para beber seu drink favorit...