Capítulo 25

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Depois de ler a carta, eu não sabia se deveria relê-la mais algumas vezes ou esquecê-la dentro de um livro qualquer. Já faziam dois anos que eu não tinha notícias de Oliver e não possuía nenhum contato para tentar achá-lo. Mesmo que eu tivesse em meu coração um buraco que poderia ter sido preenchido por ele, me fazia bem imaginá-lo feliz em sua nova vida, ao lado de alguém que realmente gostasse.

Enquanto eu relia a carta e pensava cada vez mais sobre as palavras que estavam escritas ali, fui percebendo que vê-lo como um amigo era suficiente para que o meu coração se acalmasse, para que eu me sentisse viva e alegre. Sabe, ás vezes só desejamos que as pessoas estejam por perto, se for do modo que esperamos, e isso nem sempre é certo. Oliver me via apenas como uma amiga e eu o via como algo mais e, talvez, isso tenha gerado um conflito desnecessário entre nós. Depois do tempo que passou, do amadurecimento que desabrochou em mim, dos meus pensamentos mais realistas e verdadeiros sobre as coisas que acontecem na vida, percebi que tê-lo apenas como amigo, seria a minha certeza de felicidade. Ter Oliver por perto seria um privilégio, não importava como fosse. Infelizmente na ocasião que o conheci, meus sentimentos estavam mais bagunçados do que nunca e as confusões em minha cabeça, me fizeram crer que o que eu pensava era lei. Então, aos poucos pude perceber que a maneira como nós às vezes desejamos rotular relacionamentos e pessoas, nos faz afastá-las e não mantê-las por perto. E foi o que aconteceu comigo.

Pensando em tudo isso, pude crer que finalmente havia entendido todos os mistérios internos que me enchiam até o talo. Pude compreender que levar a vida com mais calma e sem tantas cobranças consigo e com os outros, é um modo mais verdadeiro de ser você mesmo.

E no fim das contas, depois de matutar muito sobre Oliver ter sido a primeira pessoa a não se conformar em me chamar apenas de "moça", "você", "garota" e "menina", percebi também que o fato de ter me dado um nome nos tornou mais íntimos e verdadeiros amigos. Não era preciso que cada detalhe da vida pessoal de ambos fosse revelado para que nosso relacionamento se tornasse forte. Bastou Oliver me dar um nome, que tudo entre nós fez sentido e tornou-se especial.

E depois de ter certeza das coisas que se passavam em meu coração e em minha mente, lembrei-me de que um dos significados que o nome "Ella" tinha, era "outra". E sem precisar pensar mais, decidi que aquele seria definitivamente o meu nome daqui pra frente. O significado "outra" não me era mais estranho, ele tinha uma nova importância para mim: eu possuía agora uma "outra" tentativa de ser feliz, "outro" dia para viver intensamente, "outra" oportunidade de dizer "eu te amo", "outro" sorriso em meu rosto.

Agora eu tinha "outras" possibilidades de ser feliz sendo eu mesma.


Minha Querida Sem Nome IIOnde histórias criam vida. Descubra agora