Capítulo 15

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Telefonei alguns dias depois para Rafael, o meu melhor amigo. Ele morava um pouco longe de mim, mas fazia questão de me ver pelo menos algumas vezes por mês. Ás vezes, Rafael inventava de ir a um bar ou ao cinema e, como eu quase nunca tinha o que fazer, não recusava seus chamados.

Diferente de Rita, Rafael era mais calmo, cuidadoso e gentil. Falava de uma forma macia e usava óculos e barba. Seus cabelo eram castanhos e ondulados e eu gostava do seu abraço acolhedor. Mas mesmo assim, Rita ainda era uma incrível amiga, sendo sempre muito animada, acolhedora, alegre e sempre me ouvia chorar minhas pitangas.

Liguei para Rafael e pedi que nos encontrássemos para conversarmos. Eu estava tão atolada de sentimentos e pensamentos que era preciso falar com alguém para não surtar. Alguns dizem que é sempre possível se curar sozinho, mas acho que não acredito muito nisso.

Enfim, encontrei Rafael num bistrô chamado "Hello, Mr. Coffee" às sete da noite e, ao encontrá-lo, abracei-o tão forte que senti sua respiração falhar, enquanto ele dava tapinhas nas minhas costas pedindo que eu diminuísse a força do abraço.

- Rafa, estou com sérios problemas. – falei, sentando-me na cadeira.

- Os problemas são sobre amor, eu suponho. – falou Rafael, levantando as sobrancelhas e sorrindo de lado.

- Sim. Como sabe? – perguntei.

- Você sempre me liga quando tem problemas com caras. – explicou.

- Ora, você também me liga para falar das meninas que partiram o seu coração, espertinho. – brinquei.

- É, tem razão. Agora, me explica o que há. – perguntou Rafael, levemente impaciente.

- Conheci um cara chamado Oliver, num bar. Depois descobri que ele era meu vizinho e por fim ficamos amigos e eu me apaixonei, eu acho. Ah, e... por acaso tentei beijá-lo, mas ele recusou. E agora mal nos falamos. – expliquei.

- Nossa. Acho que dessa vez eu nem sei como te ajudar. Você nunca agiu assim. Esse beijo foi por impulso, certo? Aposto que sim. E cara, vocês são vizinhos, se esbarram o tempo todo... que situação! – falou Rafael.

- E você acha que não sei, Rafael? Eu estou perdida, me sentindo uma louca de pedra por tê-lo beijado... mas eu precisava fazer isso. Eu sei lá. Eu gosto dele, gosto mesmo. – retruquei baixo.

- Você diz isso todo o mês sobre um cara diferente. – falou.

- Não falo nada! Só falei isso umas duas vezes e você sabia muito bem que era por impulso. Eu não sei, dessa vez esse cara está tirando o meu sono. Ou melhor, ele está fazendo eu me sentir mais feliz, mais alegre. Algo assim. É como se eu tivesse mais vontade de fazer as coisas e de viver. Eu nunca senti isso com outra pessoa. Nem meus antigos namorados eram tão legais assim...

- Uau. Só me diz uma coisa, já tentou alguma reaproximação com ele nesse meio tempo? – perguntou Rafael.

- Já, mas não adiantou muito. O pior é que a cada dia nos falamos menos e sinto que estou ficando perdida e sufocada. Eu não consigo nem chorar. – resmunguei.

- Esse é um processo difícil e você sabe disso. Talvez seja melhor se afastar, só que dessa vez, pra valer. – sugeriu.

- Talvez você tenha razão. – falei, sem ter certeza de que isso daria certo, mas eu não tinha mais escolhas para efetuar.

E foi o que fiz.



Minha Querida Sem Nome IIOnde histórias criam vida. Descubra agora