Descemos as escadas e fomos em direção à biblioteca. Eu quis mostrá-lo o meu local de trabalho já que Oliver parecia gostar do ambiente. Ele saiu zanzando pelos corredores, olhando os livros nas prateleiras. Ele tirava da prateleira algum livro, folheava e limpava as mãos cheias de pó na camisa, não que a biblioteca fosse mal cuidada, porém alguns livros estavam tão envelhecidos que já era impossível, mesmo após muitas tentativas, tirar o pó deles.
Algum tempo depois, seu Carlos se aproximou e sorriu para mim, como se estivesse tentando me pedir que apresentasse Oliver. Não que eu deva explicações ao seu Carlos, mas ele é um senhor muito bom e sempre tentou me ajudar a melhorar de vida e, apesar de não possuir muita experiência no ramo de vendas, ele me contratou mesmo assim e ainda me deixou expor meus textos na cafeteria.
- Oliver, pode vir aqui? – chamei-o.
Oliver se aproximou enquanto ainda olhava as prateleiras com encanto e respondeu:
- Oi, fala!
- Oliver, esse aqui é seu Carlos, o dono da cafeteria e da biblioteca. – eu disse, enquanto apontava para seu Carlos.
Os dois se cumprimentaram e Oliver disse:
- Adorei os estabelecimentos, tem um ar antigo, interessante. Adorei, mesmo.
- Obrigada, meu jovem. – respondeu Carlos.
E o senhor olhou para mim novamente com um sorriso no rosto, pensando talvez que fôssemos algo mais que meros conhecidos. Depois nos despedimos e fomos caminhado devagar para casa. A cidade parecia bem mais bonita dessa vez. O verde parecia mais verde, as pessoas mais felizes, o céu mais ensolarado e o ar mais limpo. Era como se estar com Oliver fizesse tudo fazer mais sentido, ou menos, não sei. Estar com ele, na verdade, fazia eu me sentir mais viva, como se as coisas tivessem alguma graça, como se os meus dias sozinha e trancafiada no apartamento houvessem acabado.
Depois de chegarmos na porta de nossos apartamentos, ele me abraçou rapidamente, porém carinhosamente, esbanjando um sorriso puro e encantador. Eu não sei se haveriam mais palavras para se falar naquele momento, eu não era boa com despedidas e não sei se seria melhor um "tchau" ou "até mais" ou "vejo você mais tarde".
- Então, essa noite você está trabalhando? – Oliver perguntou.
- Não, não... Hoje é o meu dia de folga. – respondi.
- Entendi. E... você ainda quer beber um pouco comigo? A gente aproveita e conversa sobre aquilo, se você quiser. – falou.
- Aquilo o quê? – perguntei, sem me lembrar do que ele estava falando.
- O assunto do seu nome. – explicou Oliver.
- Ah, tá. Claro. – concordei.
- Ok, até depois então.
- Até.
E cada um entrou em seu apartamento. O que aconteceu durante o dia não importou tanto, as coisas foram iguais aos outros dias, mas dessa vez havia uma pitada de alegria, ou uma interessante emoção. Quando a noite foi chegando, tomei um banho, coloquei um jeans, chinelos e um moletom, o clima estava ligeiramente frio, e eu adorava moletons e seus confortos.
Fui até o apartamento de Oliver e toquei a campainha. Quando ele surgiu, abrindo a porta, me convidou para entrar, sorrindo tímido, sem mostrar os dentes. Entrei em sua casa e pude perceber que seu gosto tinha alguns pontos bem parecidos com os meus. Na sala haviam quadros de bandas, das quais algumas delas eu nunca nem havia ouvido falar, haviam também quadros de filmes e um sofá cor-de-madeira na saleta, um armário de livros e copos, um tapete entre o sofá e o rack que apoiava uma televisão, uma mesa de centro, uma guitarra pendurada na parede, um teclado no canto da sala e alguns pratos decorados de cerâmica na parede atrás do rack, sendo talvez, a única parte "delicada" de sua sala.
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Minha Querida Sem Nome II
عاطفية"Ela", "Você", "Moça" é uma jovem adulta que mora com sua gata Zoé em um apartamento na cidade grande. Ela trabalha em uma biblioteca e gosta de escrever crônicas em seu tempo livre ou então ir a um bar perto de sua casa para beber seu drink favorit...