Capítulo 9

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Acordei no meio da madrugada, com o coração acelerado e as mãos suando. Eu havia sonhado com Oliver. Preciso confessar que tenho sérios problemas com sonhos. Sei que começo a sonhar com as pessoas quando estou começando a me apegar a elas. Não sei bem se isso é uma mania, um hábito ou é o acaso. Pensar em me apegar a Oliver começava a se tornar uma coisa bem preocupante para mim, principalmente pelo fato de que eu não o conhecia bem. Ainda assim, continuei tentando me convencer de que eu não havia me apegado.

O meu grande problema desde sempre, na verdade, foi me apegar a qualquer um por aí. Ok, talvez não fosse assim por "qualquer um", mas eu gostava de conhecer novas pessoas e gostava mais ainda quando elas queriam me conhecer. O meu defeito foi sempre pensar que as pessoas se importavam tanto quanto eu, o que na verdade não é culpa delas. As pessoas se cansam de coisas ao longo de suas vidas, é normal. Mas já me ocorreu em alguns momentos achar que a pessoa estava gostando de me conhecer, no meio de um papo, mas na verdade ela só estava tentando ser gentil para não me dar um fora. Isso acontece, pois como meus pais moram longe e nessa cidade só tenho dois amigos, conhecer novas pessoas me faz tão bem, que às vezes não quero que o papo acabe, terminando assim, por esticar o assunto, coisa que nem todo mundo gosta. Essa minha mania de falar demais afastou esses que poderiam ser, caso eu falasse menos na primeira conversa, meus amigos.

Eu sei que sempre fui cheia de defeitos, principalmente pelo fato de eu não ter um nome, mas eu sempre procurei tratar todas as pessoas da mesma forma. Ou pelo menos bem. Sempre tentei fazer todos se sentirem confortáveis perto de mim, apesar de seus defeitos, então por qual razão, a minha vida toda, as pessoas não tiveram a mesma consideração por mim? Sempre dei o azar de topar com gente que só gostava de falar e não de ouvir, e apesar da minha confissão anterior de falar demais, ainda tenho uma espécie de "dom" que hoje em dia quase ninguém possui, que é ouvir os outros.

Pela primeira vez, alguém diferente realmente quis me ouvir depois de anos e pude sentir que Oliver, desde o começo tornou-se interessante para mim, mesmo que eu ainda não o conhecesse tão bem assim. Mas esse foi o fator principal, mesmo tendo a opção de não falar comigo, não me chamar pra beber, não esticar o assunto e não ser gentil, Oliver fez tudo isso e mais, ele me ouviu.

Não sei se deveria continuar acreditando que ele quisesse me conhecer ou se só estava tardando o momento certo para me dar um fora, dizer que está ocupado, cansado, entediado, que não quer mais assunto, como todos os outros fizeram. Mas por algum motivo, continuei a acreditar que ele estava sendo verdadeiro, que queria mesmo me conhecer.



Minha Querida Sem Nome IIOnde histórias criam vida. Descubra agora