Os dias foram se passando e quase todas as tardes ele vinha para o meu apartamento ou eu ia até o dele para conversarmos. Conversávamos sobre tudo e qualquer coisa, desde assuntos filosóficos até a escolha entre açúcar branco, açúcar mascavo e adoçante. Ele parecia cada vez mais interessado em me conhecer e eu também gostaria de tê-lo mais ainda por perto.
Nós saíamos juntos durante a noite, bebíamos cerveja juntos (sim, eu comecei a beber cerveja, mas não muito, eu juro) e ele começou a gostar de tomar café comigo na "Bibliocafeteria". Quando não tínhamos nada para fazer, alugávamos um filme numa locadora bem perto dali e o assistíamos juntos. Eu não sei se as coisas começavam a ficar sérias na minha mente, ou se tudo era mesmo só o que era.
Até que um dia ele me convidou durante a noite para escutar umas músicas e conversar um pouco e eu concordei. Tudo entre nós estava tão incrível que eu realmente acreditava que tudo estava num ótimo patamar.
Ao chegar em seu apê, deitei-me no sofá e ele sentou-se na poltrona depois de ligar o som. Começamos a conversar sobre morte. Não era o melhor assunto do mundo mas era engraçado. Tudo entre nós tornava-se engraçado, até os assuntos mais macabros.
- O que você acha que acontece quando a gente morre, Oliver? – perguntei.
- Não sei. Acho que tudo acaba. – respondeu, dando de ombros.
- Como assim tudo acaba? – perguntei, sem entender bem o que ele havia dito.
- Ah, sei lá. A gente morre e acabou. Não sei se há algo depois disso. – falou.
- Eu gosto de acreditar que há algo além disso. – afirmei.
- O quê deveria haver? – perguntou Oliver, se ajeitando na cadeira.
- Uma segunda chance de encontrar as pessoas que você amou um dia, talvez. – falei enquanto mirava o teto.
Ele me olhou por um tempo e depois levantou as sobrancelhas rapidamente e disse:
- Imagino que vamos passar o tempo com quem gostamos nessa vida, e só. – falou.
- Eu não... – falei.
Eu não gostava de imaginar que depois que fossemos embora daqui, não teríamos a oportunidade de ver novamente quem amamos. Eu quero pensar que verei meus pais, minha irmã mais nova, a Zoé e até o Oliver. É, talvez fosse bom vê-lo.
- Eu sim! E é por isso que temos de aproveitar o tempo com as pessoas enquanto estamos com elas. Devemos demonstrar nossos sentimentos, sermos verdadeiros. – explicou Oliver.
- É, pode ser. – dei de ombros.
Depois de conversarmos sobre outras coisas, decidi que já iria para casa descansar.
- Oliver, acho que já vou.
- Já? Certeza? – falou.
- É, acho que sim. – falei.
E ele se levantou da poltrona e eu do sofá e fomos até a sua porta. Nos despedimos com um abraço e na mesma hora me veio em mente o que ele havia dito sobre aproveitar o tempo com as pessoas que gostávamos, e já havíamos feito isso naquela noite e desde o dia que nos conhecemos. Mas dessa vez eu quis mudar o rumo morno das coisas, mesmo que eu fosse completamente envergonhada, pouco objetiva e nada otimista. Depois do nosso abraço, me aproximei de Oliver e tentei beijá-lo. Ele virou-se um pouco, fazendo com que eu beijasse o canto de sua boca, sentindo a textura de sua barba curta. Eu não sei que diabos deu em mim, e ele provavelmente também não sabia qual era o meu problema.
- Desculpa, Ella. – falou Oliver, baixo.
- Tudo bem. – falei desapontada.
Entrei no meu apartamento e soube que nada estava bem dentro de mim. Havia um turbilhão de pensamentos e sentimentos que me faziam querer vomitar. Naquela noite eu só quis chorar. Mas não chorei.
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Minha Querida Sem Nome II
Romantiek"Ela", "Você", "Moça" é uma jovem adulta que mora com sua gata Zoé em um apartamento na cidade grande. Ela trabalha em uma biblioteca e gosta de escrever crônicas em seu tempo livre ou então ir a um bar perto de sua casa para beber seu drink favorit...