Autumn | ME

fifteen

[Matthew]

Estas últimas semanas parecem ter sido as maiores da minha vida. Acho que me sinto assim porque passei a maior parte dos dias ocupado. Tive de estudar todos os fins-de-semana. Semanas cheias de testes. Foi tortura. Mas acho que, no final, o esforço valeu a pena. Saí-me bem nos testes, muito melhor do que as notas que eu costumava ter. Claro que as minhas notas devem-se à capacidade de ensinar da Autumn. É incrível, ainda não sei como ela faz isso. Tudo parecia ser muito mais simples quando era explicado por ela.

Matemática costumava ser um quebra-cabeças para mim, mas de alguma forma deixou de o ser. Ela tem uma capacidade espantosa de simplificar as coisas e fazer-me entendê-las. O problema é que isso só acontece com a escola.

Quanto ao resto, estou mais confuso que nunca. Para ser sincero, não me lembro de alguma vez estar assim em toda a minha vida. Eu não sei o que fazer, não sei o que pensar, não o que dizer, não sei de nada. A única conclusão a que eu cheguei foi que, se eu continuar assim vou acabar por enlouquecer.

Eu já tive algumas relações mas nunca me senti assim. Ela dá comigo em doido. Cada pequeno detalhe dela é bonito, é perfeito. Pela primeira vez sou obrigado a dar razão ao Nash. Odeio-o por isso mas ele tem razão. Eu tenho sentimentos que não sou capaz de decifrar pela Autumn, sentimentos para além da amizade. E sempre me senti assim, só precisei de todo este tempo para o descobrir. Eu gosto dela. Ainda me parece estranho dizer isto mas eu apercebi-me de que é a verdade.

Eu acho que a única maneira para eu ter a certeza de que gosto mesmo dela é se passarmos algum tempo afastados. Felizmente, estamos quase nas férias de Natal. Se eu realmente sentir a falta dela, terei a certeza.

- Matt? Estou a chamar-te há meia hora – Autumn reclamou.

- Desculpa, o que é que estavas a dizer?

- Não era importante, esquece. Em que tanto pensavas? – perguntou, como sempre, curiosa.

- Em ti.

Espera. Eu disse em voz alta? Não pode ser. Pelo tom das bochechas de Autumn, acho que disse. Já não é a primeira vez que isto me acontece. Seria uma boa ideia eu começar a pensar antes de falar.

Passaram-se alguns segundos de silêncio. Autumn mantinha as suas bochechas rosadas e tinha o maior e mais bonito sorriso que eu tinha visto.

Sorri também, até porque era totalmente impossível não sorrir perante esta situação.

[...]

- Vamos juntos para casa? – perguntei a Autumn.

- Sim – ela sorriu.

As coisas já estavam um pouco melhores desde o que se passou ao almoço. Acho que Autumn desenvolveu uma capacidade de lidar com o facto de eu falar sem pensar muitas vezes.

- Tens de ir já para casa?

- Acho que não – respondeu – Só estava a pensar estudar mais tarde.

- Ótimo.

- Porquê? – Autumn falou.

- Quero que vás comigo a um sítio.

- Onde?

- Limita-te a seguir-me – eu disse.

- Onde vamos? – perguntou com uma voz de criança.

- Isso não resulta – afirmei rindo-me.

- Pronto – bufou.

Ficámos alguns segundos em silêncio até Autumn o interromper: