twenty eight

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[Autumn]

Enquanto caminhava em direção a casa não conseguia parar de pensar no que eu tinha acabado de fazer. As lágrimas escorriam pela minha face e parecia que nunca iam parar. Eu tinha acabado de partir-lhe o coração. Era disto que eu tinha medo. Eu acabo sempre por magoar aqueles que amo. Eu era uma bomba que poderia explodir a qualquer momento e causar danos a qualquer pessoa que se aproximasse de mim.

E ele tinha conseguido. Tudo o que ele queria era que eu fosse infeliz e por causa dele eu tinha perdido o último pedaço de felicidade que restava na minha vida. Eu tinha partido o coração da pessoa que mais amo no mundo e Matt nunca me perdoaria. Mesmo que eu não tenha tido outra escolha, Matt nem sequer me dará uma hipótese de explicar, e eu sei perfeitamente que o perdi para sempre. Pelo menos, foi bom enquanto durou. Pude vivenciar um amor puro, verdadeiro. Nem toda a gente pode dizer isto. Eu aprendi o que é realmente amar aos 18 anos e nunca nada me trouxe tanta alegria. Eu sei que está tudo terminado, não há nenhuma hipótese de voltarmos a estar juntos porém, eu sei também que não deixarei de o amar, mesmo que tente.

[...]

Era de manhã. Lembro-me que adormeci a desejar que a noite nunca mais acabasse, e como é óbvio, o meu desejo não se realizou. Era um dia de aulas e tudo o que eu conseguia pensar era em como é que eu ia encarar Matt. Pior que isso, como é que eu ia encarar toda a gente? Todos os meus amigos são amigos dele e já eram amigos dele antes de eu aparecer. Nem preciso de dizer de que lado eles vão ficar.

Hoje, mais do que nunca, eu queria ficar em casa. Eu precisava de ficar em casa. Eu podia simplesmente inventar uma desculpa qualquer mas eu estou farta de mentir. Mentir só me traz problemas e só torna as coisas piores. Eu não quero mentir. Tenho de ganhar coragem e enfrentar o que quer que esteja para vir.

Respirei fundo antes que começasse a chorar. Eu não era capaz de enfrentar os meus medos. E a pior parte é que eu tinha a perfeita noção disso. Eu não era forte como a minha avó achava. Eu não passava de uma rapariga frágil que queria fugir de todos os seus problemas e esconder-se atrás da mamã. Eu era fraca, uma cobarde. Eu deixava que uma simples pessoa tirasse toda a minha felicidade e não fazia nada. Tenho a certeza que uma pessoa forte faria alguma coisa em relação a isso, mesmo que tivesse de arcar com as consequências.

Eu nunca seria tão forte quanto eu gostava de ser. O pior é que eu estava prestes a contar-lhe tudo. Eu tinha ganho coragem para lhe contar de tudo, não só porque não aguentava mais, mas porque Matt merecia saber. Agora acho que não vale a pena, mesmo que eu tente explicar, ele nunca vai querer ouvir. E não o censuro, se estivesse no seu lugar, talvez eu tivesse a mesma reação.

Acabei de me preparar e saí de casa o mais depressa possível. Decidi sair mais cedo para evitar um possível encontro com Matt. Fui o caminho todo em passo apressado e a rezar para que não estivesse à entrada ninguém que eu conhecesse. Assim que lá cheguei olhei para todos os lados na esperança de que ninguém tivesse ainda chegado e pela primeira vez, senti-me triste ao ver Shawn que logo me sorriu. Ele veio ter comigo e eu fiquei perplexa, sem saber o que fazer.

- Autumn, estás bem?

- Estou – respondi – Tu estás?

- Sim, porque não haveria de estar?

- Porque estás a falar comigo – eu respondi.

- Não estou a perceber nada. Porque eu não deveria falar contigo? – Shawn perguntou.

- Tu não sabes de nada? – eu perguntei confusa.

- Autumn, explica desde o início, por favor – ele pediu ainda mais confuso do que eu.

Autumn | MEOnde histórias criam vida. Descubra agora