Autumn | ME

twenty seven

Nota da autora: Peço desculpa se tiver erros, as lágrimas impediram-me de ver.

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[Matthew]

Sentia-me um otário. Eu tinha saltado para conclusões sem sequer saber a história completa. Autumn tinha uma boa explicação para isto, de certeza. Eu só teria de lhe perguntar para esclarecer todas as minhas dúvidas. Eu conheço-a, ela não seria capaz de fazer isto. Fui estúpido ao tentar evitá-la e lamento só me ter apercebido agora. Eu preciso de ouvir a versão dela da história, que tenho a certeza que será a verdadeira. Só espero não ter estragado tudo. Eu agi mal e neste momento ela deve estar a perguntar-se o que fez de errado. E eu tenho a certeza que ela não fez nada de mal.

Era segunda-feira novamente. Fui praticamente a correr ter com ela, porém, ela não se encontrava em frente à sua casa como era habitual. Decidi então enviar-lhe uma mensagem.

Matt Lindo: Bom dia, pirralha. Aconteceu alguma coisa?

Esperei mais alguns segundos até receber uma resposta.

Autumn : Tenho uma consulta no médico hoje por isso tenho de faltar. Mas preciso que te encontres comigo assim que acabem as aulas, temos de conversar.

Matt Lindo: Tudo bem. Tem um bom dia, amor.

Bloqueei o meu telemóvel e, depois de o colocar no meu bolso, continuei o meu caminho que desta vez era aborrecido por não ter Autumn comigo.

Assim que Nash, Hayes e eu chegámos, todos nos cumprimentaram, o habitual.

- A Autumn não veio com vocês? - Shawn perguntou.

- Não, ela vai faltar hoje. Tem uma consulta - informei.

As atenções foram novamente voltadas para Cameron que estava a contar uma história qualquer que para ser sincero, não estava minimamente interessado em ouvir.

Só queria a minha menina ali comigo. Fazia-me falta. Por muito que ela se mantivesse calada na maior parte das vezes, saber que ela ali estava transmitia-me uma tranquilidade inexplicável. A sua simples presença fazia-me sentir melhor. Ela é, simultaneamente, o meu ponto mais forte e o mais fraco. Ela é que me ajuda a ser forte quando eu mais preciso, contudo, também é ela que me deixa mais vulnerável. Ela é a minha calma, a minha paz, a minha âncora, o meu porto seguro, a estabilidade da minha vida. Basta ela segurar a minha mão para que todos os meus problemas pareçam insignificantes. Essa é a verdade.

Tudo o que ela faz causa um efeito impossível de explicar em mim, algo que eu nunca antes tinha visto. Tudo o que ela diz influencia as minhas ações. Esse controlo que ela tem sobre mim era-me desconhecido até então. Nunca ninguém tinha tido tal influência na minha vida. Nunca ninguém me tinha feito sentir como ela é faz. É isso que a faz tão preciosa. Ela desperta em mim todas estas novas emoções. E é por isso que eu não a posso perder. Enquanto ela me quiser, eu estarei por perto. E enquanto eu estiver por perto, estarei a alimentar esta necessidade que eu tenho de a proteger, que chega a ser ridícula. Tudo o que eu quero é que ela esteja feliz e em segurança. Eu abdicaria da minha própria felicidade para que ela estivesse feliz. E acho que, no final das contas, é nisso que o amor se baseia.

[...]

A minha espera desesperante estava quase a acabar. Eu estava agora a entrar para a minha última aula do dia. Era incrível como a escola tinha acabado de começar e eu já precisava de férias. Já me sentia cansado psicológica e fisicamente. Este estava a ser um ano bastante exaustivo e eu parecia ficar cansado muito mais facilmente.

Passei a aula a desejar que acabasse e, ao fim daquilo que pareceu uma eternidade, a campainha finalmente tocou. Rapidamente tirei o meu telemóvel para perguntar a Autumn onde nos devíamos encontrar.

Matt Lindo: Podemo-nos encontrar no parque?

Autumn : Sim.

Ela parecia estar estranha. Estava a tratar-me com uma frieza que não era habitual. Normalmente diria algo mais. Só espero que esteja tudo bem. Fui andando em direção ao parque e em poucos minutos já lá estava. Autumn estava no nosso local habitual e eu sorri assim que a vi. Andei em passo apressado para a alcançar e tentei beijá-la quando consegui. Autumn desviou a cara e eu olhei-a confuso.

- Que aconteceu?

- Nós precisamos de conversar - respondeu - Eu não consigo continuar assim.

- Estás a falar de quê, amor? - perguntei bastante confuso.

- Tu precisas de saber toda a verdade. Matt, tu nunca passaste de uma aposta para mim.

- Como assim? - eu perguntei ainda mais confuso.

- Eu fiz uma aposta com uma amiga. Apostámos que eu conseguia um namorado durante este ano. Eu acabei de receber o meu dinheiro por isso não faz sentido continuar com isto - respondeu como se fosse algo óbvio - Não é nada pessoal, és apenas um dano colateral.

- Autumn, isto não tem piada. Estás a assustar-me - eu disse.

- Acredita naquilo que quiseres, Matt. Eu já tenho o que queria, tu foste apenas um meio para atingir o meu objetivo - as lágrimas começaram a descer pela minha face.

- Que queres dizer? - eu perguntei sem perceber nada do que se estava a passar.

- Tu és lento mesmo. Eu não te amo, nunca te amei - senti o meu pobre e frágil coração partir-se em mil pedaços.

- Eu não acredito em ti. Amor, conta-me o que se está a passar - pedi entre soluços - Eu posso ajudar-te a resolver tudo. Só tens de confiar em mim.

- Matt, por favor, só te estás a humilhar. Esquece-me - disse antes de se ir embora e desaparecer do meu campo de visão.

Eu não conseguia acreditar. Isto não podia estar a acontecer. Era impossível. Ela tinha-me partido o coração como se fosse algo insignificante. Disse-me tudo aquilo com a maior frieza do mundo. Ela não me tinha apenas partido o coração. Eu sentia que ela o tinha arrancado do meu peito, o tinha partido em mil pedaços e os tinha deitado fora como se não fossem nada.
Eu acho que nada me tinha magoado tanto como o que tinha acabado de acontecer.

Eu não conseguia parar de chorar. Tudo o que eu sentia naquele momento era dor. Parecia ser o único sentimento que eu conhecia. Eu só queria que tudo isto tivesse sido apenas um pesadelo. Queria que alguém me viesse acordar e tentar tranquilizar-me. Queria que ela estivesse lá e me dissesse que estava tudo bem. Eu queria que esta dor passasse mas não me parecia que houvesse alguma forma de isso acontecer. Eu tinha sido totalmente destruído, arrasado e não me lembrava de alguma vez algo me doer tanto em todos os meus 17 anos de vida. E parecia que aquela dor nunca ia desaparecer e que eu iria carregá-la para sempre comigo.