twenty two

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[Autumn]

Estava eu a conversar com a minha avó, algo que eu gostava bastante. Ela tinha sempre boas histórias e bons conselhos para dar. E acho que era a única pessoa na minha família que ainda me aceitava. Ela era a única que realmente me compreendia e que sabia que eu era exatamente a mesma pessoa antes do que tinha acontecido. Eu adorava a minha avó, sabia que ela nunca me julgaria. Ela sabia o que tinha acontecido mas eu acho que ela apenas preferia não dar tanta importância ao assunto, ao contrário da maior parte dos meus parentes, que mesmo passando tanto tempo ainda me olhavam de uma maneira estranha. Chegava a ser irónico, as pessoas que sempre me viram como a menina perfeita agora me olhassem assim, como se não me fosse permitido cometer erros, tal como eles. Era isso o que me irritava. Eu nunca me tinha considerado perfeita e sabia que estava longe disso, no entanto eles criaram essa imagem de mim e com isso vieram as expetativas de que eu seria sempre a menina que faria tudo bem. Pena que eu não sou essa menina, nunca quis ser e nunca o serei. Nunca quis desiludir ninguém mas já era mau o suficiente estar na minha posição, não queria ter de lidar com as expetativas dos outros.

Ouvi o som do meu telemóvel e apercebi-me que tinha recebido uma mensagem. Pedi licença à minha avó e levantei-me para verificar quem era. Voltei a sentar-me e imediatamente sorri ao ver quem era.

Matt Lindo: Eu prometo que fico contigo independentemente do que acontecer. Nada mais me importa se te tiver comigo. Obrigado pela carta. Acho que precisava de saber tudo aquilo para deixar de ser tão inseguro. Eu tenho muito medo de te perder mas acho que deu para perceber que não vais a lado nenhum. Amo-te muito. Feliz Natal, meu amor.

Ao acabar de ler já tinha o maior sorriso que me lembrava de alguma vez ter feito no rosto. Eu estava completamente apaixonada e sentia-me bem ao saber que ele se sentia da mesma forma.

- Posso perguntar quem é que te faz sorrir tanto? – a minha avó interrompeu os meus pensamentos.

- Só um amigo, avó.

- Sabes, eu sempre gostei muito dos meus amigos mas só uma pessoa me conseguia fazer sorrir assim. Essa pessoa vive comigo há mais de 30 anos.

- Eu não lhe consigo mentir – sorri – Não é apenas um amigo.

- Eu conheço-te muito bem, Autumn. Não era preciso sequer explicares. Posso saber como se chama esse jovem? – perguntou.

- Matthew.

- Tem um bonito nome – sorriu – O amor na adolescência é muito lindo, aproveita minha querida. Quem sabe um dia eu venha a conhecer esse Matthew. Fico muito feliz.

- Obrigada, avó – sorri – Eu espero que o venha a conhecer, tenho a certeza que a avó o ia adorar.

- Não duvido, meu amor. Para tu gostares dele, é uma boa pessoa com certeza.

- Ele é mesmo – sorri novamente. Parecia não o conseguir evitar – É a melhor pessoa que conheci. Nunca ninguém me fez sentir da maneira que ele faz, avó. Ele faz-me muito feliz, aliás há muito tempo que eu não me lembrava de estar tão feliz como estou neste momento.

- Consigo perceber. Desde que começaste a falar dele não consegues tirar esse sorriso da cara. Eu fico muito feliz por ti, querida. Nunca te esqueças do que eu sempre te disse. Se algo te faz feliz nunca o deixes ir. As relações podem ser complicadas, podem haver várias discussões, mas o amor vence sempre. E eu consigo ver que o teu amor por ele é puro e inocente, não o deixes fugir, são esses os amores que valem a pena recordar.

A minha avó saiu, deixando-me a pensar bastante nas suas palavras. Eu não tinha dúvidas do que eu sentia pelo Matt, só não sabia se o que ele sentia por mim era forte o suficiente para aguentar as complicações que a minha vida tem. Eu sei, mais tarde ou mais cedo ele terá de saber do que aconteceu, porém espero poder ser eu a contar-lhe, assim que puder é o que farei.

Autumn | MEOnde histórias criam vida. Descubra agora