10 | Lutar ou lutar

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-Thomas?!por favor Thomas! - exclamo, observando seu rosto pálido.

Lilly segura minha mão.

- Hailey,ele vai ficar bem,provavelmente só desmaiou de dor ou cansaço,já viu o braço dele? Dá pra notar que ele não deve ter comido nada.

- Mas, ele tem um arco e uma flecha,poderia muito bem caçar.

- Ele deve ter vomitado de nervoso ou algo assim,a camisa rasgada dele que jogamos fora estava com esse cheiro. - Lilly fala de modo consolador.

Ele está pior do que imagino.

Me surpreende Lilly saber tanto sobre isso.

- Você tem jeito com essas coisas menina - o garoto diz,tímido.

-Lilly Moore,prazer,minha mãe...era médica, me ensinou tudo o que sabia,ainda bem que serviu pra ajudar vocês e o Thomas.

Thomas se mexe um pouco,pego a sua mão e percebo o quanto está fria.

- Gente, Thomas está morrendo de frio,temos que aquece-lo. - digo olhando para os dois.

Deitamos ele em uma pedra média e o cobrimos com nossos casacos,mas ele ainda sente frio,treme.

Lilly se aproxima e tira seu casaco,colocando em cima de Thomas.

- Também quero ajudar.

Lilly é tão meiga que mesmo que eu não tenha nada a ver com a sua história,me sinto culpada por ela estar nesse pesadelo.

A chuva agora é serena,o estrondo dos trovões e raios passou,o que é um alívio.

O garoto que está com a gente fica na entrada da pequena caverna, olhando a chuva cair nas folhas da floresta, Lilly se ajeita no chão e fecha os olhos em um sono desconfortável.

Volto a olhar para Thomas e delicadamente limpo o resto de sangue dos seus ferimentos já cuidados,ele geme um pouco,observo os hematomas arroxeados,deve estar doendo, e muito.

Quando passo minha visão para o pescoço,ela se impulsiona para o rosto,dormindo ele parece sério,até meio ranzinza.

Mas não consigo parar de olha-lo.

Sei que isso é ridículo,mas meus olhos parecem não obedecer quando tento desviar o foco.

Merda Hailey,o que você está fazendo?

Minha mão vai hesitante até o seu cabelo liso e meio oleoso,e um carinho inexplicável toma conta do meu peito,por esse garoto que - a vida pode girar e girar - mas arrumamos um jeito de cruzar nossos caminhos.

Um sorriso involuntário se forma no meu rosto.

Meu coração acelera,como se eu estivesse pulando de um precipício.

Não,não,não.

Nada de sorrisos e batidas de coração, só estou desse jeito porque estou com pena dele e me sinto culpada por não termos feito uma parceria.

É isso. Ponto final.

O garoto se aproxima de mim,observando Thomas.

- Ele precisa de alguma coisa? Sério, posso ajudar com..

- Não precisa de nada - meu tom é ríspido - ele só está dormido.

- Ah,certo então.

Um silêncio toma conta da caverna.

Vejo em seus olhos uma aflição sem descanso. Talvez eu devesse dar uma chance. Ele se arrependeu,mudou de atitude, sei que isso pode ser até fingimento,mas é praticamente impossível ser,é muito real,por enquanto,vou tentar ajuda-lo.

A   I M U N E   •  1 Onde histórias criam vida. Descubra agora