Ainda sinto minha pele queimar.
Sinto-a desesperada,aflita por descanso,mas estou imóvel, inerte,de olhos fechados,temendo mais uma vez abri-los e me deparar com aquelas paredes brancas,assustadoras e perfeitas.
Sinto uma lágrima escorrer pela minha bochecha,devagar, devagar, ignorante ao que representa.
Não quero abrir os olhos,se eu pudesse,permaneceriam assim,explosões, gritos,olhares,tudo passa tão rápido e distante que é como um pesadelo.
Mas reprimo todas as lástimas dentro de mim,as lamentações,vou deixa-las secar,murchar,até virarem cascas,se reduzirem a cinzas,alimentando o verdadeiro sentimento que se cultiva a cada dia,cada porção ainda mais destrutiva.
O ódio.
Ódio,vingança,não consigo pensar em mais nada,como um instinto,um casulo,uma borboleta alaranjada que entra em ascensão.
Não penso em mais nada.
Não penso em mais nada.
Sou imune,imune a todas as maquinações sujas,perguntas misteriosas,até a dor de tantas mortes se recolhe em um canto,oferecendo lugar a raiva em meu âmago.
Não sou imune ao sofrimento, ele já faz parte de mim,mas sou imune a cair,porque permanecer no chão não é uma opção.
Sinto que minha mão está entrelaçada com outra,um conforto estável.
- Está tudo bem Hailey, estamos salvos agora.
Uma gargalhada amarga se ergue dentro de mim,o conforto se torna cansativo,o estável,aprisionador.
Não estou mais em uma gaiola.
Nunca mais estarei.
Porque sinto algo feroz dentro de mim,algo ardente,consumidor.
Vingança.
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A I M U N E • 1
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