9 | Essa é a minha escolha

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-Thomas?! - não disfarço meu espanto.

Fico de pé,e penso no quanto o mundo é pequeno.

O garoto que me ajudou duas vezes nas ruas de Nova York.

Veio parar logo aqui.

- Oi,tudo certo com você até agora? - ele pergunta.

- Sim,quer dizer,na medida do possível.

- E sua perna? - Thomas olha para minha canela.

- Tudo bem ,só ficou uma marca,todo o crédito pela sua ajuda naquele dia,claro.

Ele abre um sorriso alegre,e logo depois o mesmo se torna triste.

- Sinto muito. Por estar aqui. - ele me olha nos olhos.

- Sei que está sendo horrível pra você também.

O grito de Matt ecoa em minha cabeça, sempre urgente, assustado,desesperado.

-Você está sozinha? - Thomas interrompe meus pensamentos.

-Estou com uma menina de uns treze anos,dormimos em uma árvore aqui perto.

Você poderia ficar conosco - é o que penso.

Sei que deveria fazer uma parceria com ele na hora - além do mais,Thomas salvou minha vida uma vez - tenho que confiar nele por isso,mas,é estranho,não consigo sentir total segurança nos seus olhos.

- Eu nunca achei que te encontraria aqui. - ele abre um sorriso.

-Como o mundo é pequeno não é? Está sozinho ou já tem um parceiro?

Ele ri.

O que é meio surpreendente na situação que estamos.

- Você não confia em mim,eu sei - sua voz se torna séria,até um pouco ríspida.

- Olha eu..

- Tudo bem,sério,entendo.

Me sinto terrivelmente culpada.

- Thomas,eu sei qu..

- É boa em que tipo de arma? - ele me interrompe,tentando mudar de assunto.

- Me viro bem com facas,mas a verdade é que não sou boa com nenhuma.

- Mentira,aquele caco de vidro foi direitinho no contaminado no dia do ônibus lembra? - Thomas brinca.

- Pura sorte rapaz. - por um momento me descontraio.

Ele se vira de costas e mostra um arco e um punhado de flechas.

- Sei,sou bom nisso,eu e minha mãe fazíamos trilhas na floresta,caçavamos por diversão. - ele diz mais baixo que o normal,como se falasse mais pra si do que para mim.

- São lindos, já tentei usar um arco num bosque perto da minha casa e foi um desastre.

- Você não parece ser boa em arcos mesmo. - Thomas ri.

- Está me subestimando? Quer saber,eu acertei um alvo,depois de errar umas duzentas vezes tenho que ser sincera.

Nós rimos,e um silêncio permanece.

Não quero ser ingrata,o mais justo seria ajudar Thomas enquanto ele também me ajudaria a sobreviver,mas simplesmente não tenho toda essa base de confiança nele.

Acho que me desacostumei a confiar de braços abertos.

Talvez ele só seja uma boa pessoa. - dias atrás eu disse isso a mim mesma,e isso se repete agora.

A   I M U N E   •  1 Onde histórias criam vida. Descubra agora