31 | Voltar no tempo

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Callie agarra meu pescoço,segurando sua faca contra o mesmo,olho para baixo e percebo que estamos praticamente caindo,é obvio que intenção dela é me jogar para que meu corpo despedace no chão

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Callie agarra meu pescoço,segurando sua faca contra o mesmo,olho para baixo e percebo que estamos praticamente caindo,é obvio que intenção dela é me jogar para que meu corpo despedace no chão.

A frase de Matt continua como uma buzina.

Quero que fica viva entendeu?

Seria mais fácil,mais fácil deixar que Callie acabasse logo com meu sofrimento,que eu sentisse o ar em meu corpo, depois minhas asas seriam cortadas,eu encontraria meu fim,sem dor,apenas com um apagão que nunca vai acender.

Mas Lilly vem em minha cabeça.

Apesar de todas as minhas promessas terem falhado,Lilly também fez as dela,ela não podia ser feliz e queria que eu fosse,nunca vou ser feliz,mas se eu pelo menos levar a vida,vou honrar uma promessa que fiz a ela,e por mais que fique insuportável,vou me lembrar dela,do seu brilho que nunca vai se apagar dentro de mim,porque somos irmãs,e nem a morte pode separar o que tivemos.

Callie se posiciona para me lançar no chão,a empurro com força,e quando faço isso,comprovo que eu realmente devia ter deixado ela me matar.

Porque quem encontra o chão é ela.

Tento segurar sua mão com toda a força possível,mas ela cai,cai como um pássaro sem asas,antes de seu corpo encontrar a morte,fecho meus olhos e começo a gritar,gritar,gritar,como se minha voz não tivesse fim.

Pássaros em gaiolas.

Pássaros em gaiolas.

Meu pesadelo se concretiza ainda mais quando Will para bem na minha frente,com lágrimas incansáveis.

- Callie..? - ele pergunta,olhando para o chão,como se ela fosse responde-lo.

Não ouso dizer nada,porque acabei de tirar ela do próprio irmão.

- Você é um monstro! - Will grita para mim.

Enterro meu rosto no chão,é a mais pura verdade.

Ele caminha até a ponta do círculo, olha para baixo e se ajoelha,escuto seus soluços.

Acho que no final,Thomas tem total razão,é isso que eu sou,uma praga,uma assassina,um monstro.
Acho que tentar negar só piorará tudo,se minha mãe pudesse me ver agora,ela nunca ousaria me chamar de filha.

Assim que levanto meu rosto,Will desaparece como fumaça.Tudo o que faço é socar o chão,machucando minhas mãos.

Por favor,eu quero tanto acordar,por que não abro os olhos?

Minhas promessas,minhas tão fúteis e fracas promessas,que fiz a todos,que sairiamos daqui com vida,mas elas sempre falham,falharam com minha família,falharam com Lilly,falharam e falham com tudo.

Observo meu horizonte,onde os corpos de todos estão jogados no chão, Dimitri está completamente arrasado,com feridas expostas em sua barriga,Matt encostado em uma tenda com os olhos fechados,ele podia muito bem enfiar sua faca em meu peito,matei Kênia,ela era de seu grupo,mas não fez,em vez disso,me mandou viver,continuar,mas nesse momento,só o que eu desejo é estar exatamente como eles.

Se eu for a única a estar viva,todo o peso vai ser arrebentado,as cordas vão ceder,e é aí que me torno apenas uma casca de ser humano,onde tudo foi sugado de mim e só o que resta é meu corpo.

Mas não sou a única viva.

Ele vem na minha direção,apenas com um arco coberto de sangue,há manchas em seu corpo e ferimentos,mas seu rosto tem só um arranhão na testa.

Tão devastado quanto eu.

Ficamos olhando minuciosamente os hematomas e ferimentos um do outro.
Faço um enorme sacrifício com minhas cordas vocais para quebrar o silencio:

- Você tinha razão. - minha voz saí fraca,quase como um sussurro.

- Sobre ser uma assassina?

Assinto,abraçando meu próprio corpo.

- Eu sei,mas também sou um assassino,todos somos,não há mais volta.

- Queria tanto acordar. - fecho meus olhos.

- Eu quero acordar a muito tempo.

Thomas posiciona sua mão com um pouco de dificuldade pelos cortes em seu braço,hesito,mas por fim,estendo a minha mão,elas se entrelaçam,calejadas,sujas,magras, mas intensamente juntas.

- Arqueiro bipolar. - levanto meus olhos e encontro os dele,lágrimas escorrem enquanto um sorriso quase invisível surge em meu rosto.

- Loira valente.

Ele me puxa para um abraço em meio ao silêncio ensurdecedor,quando nos encostamos as feridas doem como nunca,contudo,somos incapazes de nos soltarmos, porque voltas e voltas são dadas e nós sempre acabamos assim,sem nenhuma explicação.

Thomas toca suavemente em meu rosto e me observa atento,como se eu fosse uma pintura.Mas sinto sua mão tremer.

- Eu a amo.

Com todas as mortes,com todo o sofrimento,isso é algo que tento negar com todas as forças desde que conheci o garoto das flechas,me odeio por isso e por tudo mais,me sinto tão vulnerável e tudo passa tão depressa na minha cabeça que começo a chorar,sabendo que não tenho para onde ir,esse sentimento está aqui,e não é capaz de ir embora.

Não consigo dizer mais nada,só abraça-lo de novo,e é como se voltassemos no tempo em que eramos só eu,ele e Lilly,voltado no Thomas que me faz borbulhar por dentro sem eu nem mesmo querer. Voltado para Lilly,para minha irmã,com o seu sorriso eternizado dentro de mim. Voltar no tempo para que eu pudesse ter apertado o gatilho,ser a Hailey que tem a esperança viva dentro de si quando canta,que só dá um jeito em contaminados e soldados dos Eles,e não a Hailey que tira a vida dos próprios amigos e depois se enterra no chão e chora.

- Quero que tudo se acabe Thomas. - digo,ainda com a cabeça encostada no seu peito.

- Muitas coisas dependem de você para desistir.

Antes de relutar,algo nos desperta,é o barulho de um helicóptero nos cegando com a sua luz.

É agora que morremos.

Thomas aperta minha mão tão forte que me deixa ainda mais aflita,sinto algo me picar,uma dor enorme toma conta de mim,é uma agulha penetrando no meu braço já ferido,Thomas também é atingido, imagino que agora é a hora que vão nos executar.

Qual o propósito de tudo isso afinal?

Todas as perguntas giram enquanto Thomas se torna uma mancha,igual a tudo ao meu redor,mas nossas mãos ainda estão apertadas,a luz me faz fechar os olhos com força,tudo o que eu penso é no que vai acontecer agora.

No que a mulher ruiva quer dos pássaros engaiolados.

Thomas grita algo pra mim,mas braços de repente me puxam,tento me esquivar,gritar,socar,mas meu corpo está dormente,e espero que tudo seja rápido,que não doa.

Não sinto mais a firmeza do chão, e o vento forte bate no meu rosto,luto para os meus olhos não fecharem,mas eles se fecham tão
lentamente que posso absorver o último oxigênio da Redoma.

Estou saindo dela.

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Oi pessoal,o que acharam do capítulo?
O que vai acontecer com eles agora?
Comentem e votem se desejarem,obrigada pelo imenso apoio.

Até o próximo!

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