Surtos - Part2

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Scorpius respirou profundamente antes de entrar na biblioteca. Ele não estava medindo as consequências dos seus atos o dia inteiro e entendia porque Albus veio questioná-lo, mas ele não estava disposto a falar de seus problemas. Naquele momento ele teria de enfrentá-lo.

LeFay supervisionaria a detenção, e enquanto Scorpius estivesse colocando todas as seções por ordem alfabética e por assunto, era bem possível ela o questionar, e seria nestas horas que ele deveria manter o controle, não iria desabafar ou chorar, iria fazer ela falar, iria fazer ela ver que ela era a culpada.

Assim que entrou, viu LeFay sentada no lugar que a bibliotecária normalmente ficava, a professora apenas seguiu ele com o olhar.

- Está atrasado – Ela falou e o garoto não lhe dirigiu o olhar, apenas foi para a primeira seção e começou a tirar os livros das prateleiras para organizar.

- Tive meus motivos.

- O que aconteceu para você ficar com esse humor? O dia inteiro você esta agindo estranho, você nunca foi assim. Sempre foi quieto e reservado, nunca me desapontou e foi meu melhor aluno, porque agora simplesmente ficou tão rebelde.

- Tive meus motivos – Ele repetiu a mesma resposta. E quando ele ia colocar o livro no lugar certo, LeFay tomou o livro da mão dele – Se você não me deixar colocar o livro não vou poder terminar isso e me livrar de uma longa noite com você.

- Por que está tão agressivo comigo? Eu achava que fossemos amigos, que todos esses anos como um de meus melhores alunos e parte do meu grupo de estudos avançados houvesse aumentado nossos laços.

- Não temos laços nenhum. E nem teremos um dia. Você nunca vai ser nada para mim. Se eu tivesse escolha, nunca iria olhar na sua cara de novo – Scorpius falou com brutalidade, seus olhos enquanto encarava LeFay pareciam adagas prontas para matar quem estaria em sua mira. LeFay se virou, dando as costas para ele, ela discretamente tirou uma lagrima que estava a ponto de escorrer de seus olhos. Ela estava confusa, e com medo, com um medo que nunca imaginou sentir de um garoto de treze anos e meio – Porque não me encara, LeFay? Tem medo de eu ter descoberto a verdade?

- Que verdade? – Ela perguntou ainda sem o encarar.

- Eu vi meu pai. Vi você e o meu pai. Eu sei de tudo – Ele falou não se segurando e desta vez a professora se virou para encará-lo – Nestes três anos você esteve brincando com meus sentimentos, me fez gostar de você, me protegia sempre que eu entrava em uma encrenca, me ensinou tudo o que eu queria saber, eu via em você um ideal de bruxo já que você tinha tantos poderes... me pergunto até onde você teria ido.

- Não é nada disso que você pensa que sabe... – LeFay diz.

- Veremos então – Scorpius falou e ela o olhou por cima do ombro – Seu nome não é Guinevere LeFay, foi criada como Lynx Malfoy, adotada por meus avós, você cresceu junto com meu pai e foi assim que se apaixonaram, até que aconteceu a guerra – Scorpius falou e a professora se afastou um pouco, se sentindo um pouco atordoada – Meu pai me contou a historia de vocês, mas não foi tão difícil ligar uma historia aos membros desaparecidos e mortos da família. Na casa da vovó tinha fotos de meu pai e uma garota brincando, vovó nunca falou o nome dela para mim, mas sempre que eu lhe perguntava ela parecia segurar o choro. Ao contrario de vovô, que me contou quem você era. Você está diferente das fotos, mas tenho certeza que não é difícil modificar toda a sua aparência quando se é uma ex-fugitiva com dons ancestrais – Scorpius falou olhando a professora que parecia sem saber o que dizer ao ver que seu segredo havia ido por água a baixo – Caso não tenha sido claro com tudo isso, eu vi você e meu pai juntos, se beijando na casa dos gritos, não importa se meu pai e minha mãe estão divorciados e se você o faz feliz, você traiu a minha confiança e por isso eu nunca confiarei em você novamente.

- Vá – Ela falou quase inaudivelmente.

- Perdão, não ouvi.

- Vá. Esta dispensado – Lynx falou e Scorpius se colocou em movimento, saindo da biblioteca o mais rápido possível, sem olhar para trás e ver o estado em que deixara a sua professora.

Lynx estava perdida e não percebeu quando sua transformação saiu de seu controle e ela estava em sua forma original. A porta abriu com um ligeiro rangido, mas ela não se preocupou em olhar. Ela olhava para as suas mãos, parecia concentrada, mas ela estava com a cabeça em outro lugar.

- Você perdeu sua forma. O que aconteceu com você? – Ela ouviu a voz do Neville, que havia sentado ao seu lado e ela o olhou, parecendo sair de sua nuvem de pensamentos.

- Ele me odeia – Lynx falou derramando uma lágrima por seus olhos.

[...]

Scorpius saiu da biblioteca e correu, correu como nunca correu. Seus pulmões doíam, ele tossia enquanto as lágrimas embaçavam os seus olhos.

- Eu não conseguia dormir – Dominique falou quando ouviu o entrar na torre, mas não se virou para olhá-lo. Ela estava com um roupão de seda cobrindo sua camisola, mas ela não parecia se importar com o fato de estar com roupas de dormir na frente de um garoto.

Quando Scorpius se manteve em silencio, Dominique se virou e viu que ele estava apoiado na parede chorando. Ela correu até ele e o abraçou, ele a abraçou como se dependesse do abraço dela para se manter de pé.

Enquanto ele chorava, ele soluçava com força tentando respirar enquanto chorava com toda a dor que suprimia em seu corpo.

Ela o apertou em seus braços, esperando silenciosamente ele se acalmar enquanto fazia carinho em suas costas.

- Me desculpa – Ele falou ainda abraçando ela.

- Não precisa se desculpar, deixe a dor ir – Ele se afastou um pouco, mas não por completo, suas mãos se moveram para o rosto da garota obsevando cada detalhe do rosto dela – Se chorar te faz melhor, eu vou estar aqui por você.

- Eu não quero chorar – Ele falou fazendo um carinho no rosto dela, descendo o polegar da maçã do rosto até os lábios dela – Eu queria desligar a dor.

- Não somos máquinas para você se desligar, só podemos minimizar a dor substituindo ela com outros sentimentos. Esperança, felicidade... amor, amizade.

- Amizade não é um sentimento.

- Mas é com a amizade que se tem sentimentos puros que te deixam bem – Ela falou olhando diretamente em seus olhos, havia algo de reconfortante em olhar para ele mesmo quando sentia que ele estava olhando diretamente para a alma dela.

- Dominique, eu vou... – Ele começou, mas ela não o deixou terminar, se colocou nas pontas dos pés e o beijou.

Por um segundo, Scorpius ficou parado feito uma estátua, por mais que fosse isso o que ele pretendia fazer, ele não esperava que fosse ela quem teria a atitude. Scorpius colocou a mão na cintura dela, e a puxou para mais perto enquanto correspondia ao beijo, dando apoio para que ela não cansasse por estar nas pontas.

Enquanto a beijava, ele sentia a dor se misturando com uma sensação boa, uma sensação que ele não queria perder. 

 

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Heirs of Slytherin (Livro2 - continuação de Proud and Love || Finalizado)Onde histórias criam vida. Descubra agora