Perdão?

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Scorpius saiu da lareira batendo de leve nas roupas pensando na fato que os Potter deveriam ter um elfo para limpar toda a fuligem, mas seus pensamentos foram cortados logo que viu na sala de estar sua tia Daphne conversando com uma mulher loira que deveria ter sua idade.

Antes mesmo que as duas mulheres parassem de conversar e notassem a presença dele, seus pais, Astoria e Draco entraram pela passagem da cozinha.

– Scorpius! Até que enfim chegou por um segundo achei que fosse perder o jantar – Astoria falou dando um sorriso gentil que Scorpius pensou se ela não estaria fingindo na presença do ex-marido.

O que ele está fazendo aqui? – Scorpius quis perguntar, mas mordeu a língua se segurando para não acabar com a "alegria" de sua mãe.

– Quem é ela? – Ele perguntou olhando para seus pais mesmo que estivesse de referindo a loira conversando com sua tia.

Quando olhou para a loira, ele viu os olhos dela brilharem ligeiramente antes de trocarem de cor por um segundo antes de voltarem para a cor original, apenas este gesto mágico foi preciso para que ele a reconhecesse.

Guinevere LeFay, ou melhor, Lynx Malfoy ou Lynx Black Snape. A bruxa que fez meu pai se apaixonar quando criança, aquela que ele nunca esqueceu e por causa disso nunca amou minha mãe.

– Eu vou para o meu quarto – Falei querendo sair dali o mais rápido que eu pudesse, mas minha tia foi mais rápida e me alcançou no pé das escadas.

– Scorpius, seja gentil – Ela falou e por um momento eu fiquei com raiva das palavras que ela repetia com frequência para mim quando eu era menor.

– Eu queria falar com você, filho – Draco falou se aproximando de mim e da minha tia Daphne que deu um sorriso com o intuito de tentar me amolecer. – Da última vez que conversamos as coisas não saíram exatamente como eu gostaria... Entendo que esteja com raiva agora, mas eu gostaria que você nos ouvisse.

– Nem tudo que queremos acontece – Respondi de forma rígida me soltando da minha tia, mas ao invés de ir para o meu quarto mudei minha direção, corri para a lareira e fiz um pedido quase silencioso de onde eu queria ir. Não queria que me seguissem, então fui pro último lugar em que pensariam que eu estivesse, para os fundos da casa da antiga mansão Malfoy, onde minha mãe havia cultivado um belo jardim antes de termos ido embora para uma outra casa com o divórcio.

Fiquei um tempo sentado na grama descuidada que havia crescido bastante desde a última vez que minha mãe cuidou do lugar. A grama me espetava um pouco por cima da roupa e algumas vezes alguma formiga andava por cima de sua perba, mas era melhor ficar sozinho com as formigas do que ter que ouvir mais uma história de seu pai.

– Sua avó costumava dizer que tudo o que ela plantava morria por conta das forças das trevas que pisaram durante tantos anos nessa casa, ela achava que devia haver alguma praga ou algo do gênero, mas sua mãe conseguiu – O som da voz de Lynx fez com que Scorpius quisesse testar a sensação de como é aparatar, já que ele estava tão longe da lareira da mansão – Naquele dia, você disse tudo o que queria, hoje é sua vez de ouvir tudo o que eu tenho a dizer – Ela falou e ele permaneceu calado – Nem seu pai ou eu temos culpa por termos nos apaixonado. Dizer que se eu tivesse ficado ao invés de fugir durante a batalha teria feito de você meu filho eu estaria mentindo porque para você estar aqui precisou da união de seu pai e sua mãe e por isso eu não me arrependo de ter ido embora. Você é divino, Scorpius, não é porque seus pais não se amam que eles não te amem. Draco te contou a história de como nos apaixonamos, mas ele não te contou o que aconteceu comigo depois que eu fui embora.

Lynx contou que foi embora quando seu pai morreu, ela o enterrou e foi embora, ficou em sua forma de animago por um tempo e certo dia acabou sendo encontrada e presa em Azkaban. Quando saiu de Azkaban, soube que Draco estava a ponto de se casar e ela não fez nada para impedir a união, ela não queria destruir a felicidade de Draco.

– Quando eu soube que você ia nascer eu fiquei muito feliz e pensei que Draco o mandaria para Hogwarts, uma das razões para eu ter saído de Azkaban foi para lecionar, e dar aulas em Hogwarts me permitiria ficar perto de você e foi o que eu fiz. Eu me mantive longe de seu pai quando você nasceu, não queria atrapalhar e te fazer sofrer, é por isso que quero que você entenda a seu pai, ele nunca fez nada querendo te magoar. Se você quiser, eu me afasto de novo de seu pai, só quero que você o perdoe – Ela terminou de falar e ficou em silêncio, esperando que Scorpius se pronunciasse, mas ele também ficou em silêncio.

Ela olhou para os lados querendo ver algo que pudesse fazer, por fim ela levou o polegar até a boca e mordeu com força para que sangrasse. Ela encostou a mão na grama e murmurou algumas palavras numa língua antiga, não demorou muito para que as palavras tivessem seu efeito. A grama se recolheu como se houvesse acabado de ser aparada, as flores pareciam brilhar em cor e uma brisa soprou.

– Incrível... – Scorpius sussurrou, mas ela ouviu e deu um sorriso.

– Até um bruxo tem de apreciar a magia.

– Você não ensinou a gente a fazer isso – Scorpius falou citando o grupo de alunos da Casa dos Gritos – Você nunca ensinou nada e ao difícil, tão espetacular.

– Cada coisa em seu tempo.

Scorpius revirou os olhos e se levantou, batendo a terra da calça.

– Estamos indo para casa da sua mãe?

– Eu estou. Você? Não ligo.

– Para casa de sua mãe, então – Lynx falou abrindo a porta dos fundos da mansão Malfoy – Na verdade, acho que vou visitar seus avós, vai indo na frente – Ela falou e ele entrou na lareira.

Scorpius olhou para Lynx, mas não soltou o pó.

– Eu vou perdoar o meu pai.

– Obrigada.

– E vá para a casa da minha mãe depois que ver meus avós, OK? Você é parte da família – Scorpius falou e largou o pó murmurando o local sem esperar que ela lhe respondesse. 

Heirs of Slytherin (Livro2 - continuação de Proud and Love || Finalizado)Onde histórias criam vida. Descubra agora