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"And everyone will please me now, the rumors start to spread around the school..."


Bruno e Rebecca


Talvez aquela touca fosse um pouco desnecessária, assim como os óculos escuros. A festa da noite anterior havia sido uma coisa mais íntima; muito provavelmente ninguém estava sabendo do ocorrido. Mas para Bruno era melhor prevenir do que remediar.

Ele atravessou os grandes portões do colégio Vetor como uma sombra, e ninguém nem notou a sua presença. Entretanto, na sua mente distorcida pela dor e a humilhação, todos o encaravam, cochichavam e passavam adiante a mais nova fofoca. Parem de me olhar, parem de me olhar!, ele pensava repetidamente, enquanto pisava firme no concreto cinza que forrava o chão.

O pátio do colégio era formado por um círculo de bancos de concreto verde musgo e algumas máquinas de doces e refrigerantes. Do lado direito dos bancos, alguns alunos estavam sentados no que gostavam de chamar de "campão", um tapete de grama verde clara e poucas árvores altas em volta. Do lado esquerdo, esse praticamente vazio, o vento ricocheteava sozinho pelo corredor que dava acesso ao prédio com as salas de aula.

Bruno avistou os seus amigos sentados nos bancos de concreto, ou simplesmente "cebolão" - os alunos do colégio Vetor tinham algum tipo de fetiche por palavras no superlativo -, e foi até eles. Era sempre melhor ser humilhado pelos próprios companheiros de banda.

- E aí, Borges - Eduardo cumprimentou, sendo mais simpático do que o normal.

Todos estavam sendo mais simpáticos do que o normal, com piadinhas e tapinhas nas costas.

Aquilo não era normal.

- Dia - Bruno suspirou, sentando-se. Os seus amigos, Eduardo, Daniel e Fabrízio, tinham aquele mesmo olhar de pena da noite passada. Todos ficaram em silêncio, encarando-o, esperando algum tipo de reação. - O que foi? Eu tô cagado? - o loiro perguntou rispidamente, e eles desviaram o olhar.

Voltaram a conversar como se nada tivesse acontecido, mas, vez ou outra, um deles olhava de soslaio para Bruno, como se quisesse garantir que ele não puxaria uma arma do bolso e mataria a todos e a si mesmo.

Até que não é má ideia..., ele pensou, macabro.

Bruno fixou os olhos no portão do colégio, mesmo sabendo que quando ela passasse por ele, o choque de realidade lhe daria um tapa na cara. Mesmo assim, o garoto sentia que talvez fosse até melhor vê-la: a ficha cairia mais rápido.

Aos poucos, o pátio do colégio ia se enchendo de pessoas e vozes. Bruno ainda tinha aquela sensação de que todos o olhavam e de que todos já sabiam. Alguns realmente olhavam para ele e cochichavam, mas o restante da escola estava mais preocupado com os seus próprios problemas do que na humilhação pública do veterano.

Ele suspirou mais uma vez.

Parecia uma garotinha apaixonada.

- ...é ela cara, eu tô te falando... - ele ouviu Fabrízio sussurrar para Daniel.

Bruno olhou então para todos os lados e não encontrou ninguém. Quando voltou os seus olhos para o portão, lá estava ela. Mini-saia preta, coturno de couro marrom e uma blusa listrada caída no ombro direito. O seu cabelo negro, com mechas loiras por baixo, estava preso em um rabo-de-cavalo alto. Ela estava com os olhos bem marcados e a boca sem cor alguma. Ao seu lado, de mãos dadas, o pivô da separação: Bianca. A garota usava uma calça jeans skinny, regata branca básica e jaqueta de couro preta. O cabelo bem curto e negro estava arrepiado para cima, fazendo-a parecer uma versão feminina do Sid Vicious.

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