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"So if you're crazy... I don't care, you amaze me!"


Daniel e Ana


Que tipo de filho da puta não sabe que ar-condicionado é uma parte essencial em festas de formatura?, Ana amaldiçoava a comissão de formatura enquanto atravessava o salão a procura de outro bar, já que todo o gelo do principal havia derretido.

E que tipo de filho da puta não calcula o tanto de gelo que vai precisar para uma festa open bar?

A loira estava transpirando pela testa devido ao contato do veludo da máscara contra a pele, o seu vestido não parava de subir nas coxas e ela não achava nenhuma das amigas. Se ela tivesse que ser bem sincera, o único aspecto positivo da festa até aquele momento fora ter perdido o seu acompanhante, que parecia bem mais interessado em passar a mão em garotas bêbadas do que conversar com ela.

Cansada de zanzar pelo salão em busca de bebida gelada, Ana apoiou-se em uma parede qualquer e respirou fundo. As pessoas passavam por ela como se ela fosse invisível.

Grande ironia, ela fechou os olhos. Em um baile de máscaras, onde todos deveriam ser invisíveis, a única realmente invisível aqui sou eu.

- Fab, caralho! Eu já fui 10 vezes pegar cerveja pra gente, é a sua vez agora!

Ana arregalou os olhos no mesmo instante.

Daniel estava a poucos metros dela, usando a máscara como tiara e coçando os olhos azuis. Os cachos escuros do seu cabelo estavam molhados de suor e presos para trás, e ela nunca o tinha visto tão... sexy.

Além disso, Daniel também parecia estar puto com a festa, xingando sozinho e com razão; gotas de suor escorriam pelas laterais do seu rosto.

- Eu não vou pegar aquela fila sozinho! - Fabrízio gritou de volta, já sem terno e com as mangas da camisa social arregaçadas; só que, ao contrário do amigo, ele ainda persistia em usar a máscara quente e incômoda.

- Eu já peguei aquela fila sozinho umas 20 vezes e te trouxe cerveja gelada! - Daniel parecia realmente irritado e Fabrízio percebeu, um sorrisinho diabólico espalhando-se pelo rosto.

- Mas tá muito grande...

- Eu sei, eu já fui lá 30 vezes!

- E tem muita gente fedendo em volta...

- Caralho, Fabrízio, as 40 vezes que eu fui não contam nada para você?

- Você percebeu que está aumentando o número de vezes que foi até o bar pegar cerveja em progressão geométrica?

- Ah, vai se foder, Fabrízio...

- Tá bom! Eu vou, eu vou! - Fabrízio levantou os braços aos céus em sinal de rendição. - Mas fica aqui, não sai daqui, se não eu vou beber a sua cerveja!

Daniel concordou com a cabeça e afrouxou a gravata. Algumas garotas de vestidos minúsculos passaram por ele, que acompanhou bem interessado o rebolado delas. Passadas as bundas, o guitarrista olhou em volta a procura de madeixas loiras, mas com o salão escuro ficava difícil distinguir quem era loiro e quem era moreno; todos pareciam ter os cabelos escuros.

Ele passou os olhos por Ana, apoiada imóvel na parede, mas não a reconheceu. Ele a havia procurado durante toda a noite, e, quando finalmente a encontrou, não a reconheceu com a máscara.

Ana ficou como uma estátua até que Daniel virou-se de costas para ela. Então ela suspirou de alívio e saiu correndo dali.


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