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"I'm sorry for blaming you for everything I just couldn't do... and I've hurt myself by hurting you!"


Fabrízio e Raquel


Luíza saiu novamente da balada carregada de papeis. O segurança já nem se importava mais com as pessoas que entravam e saíam da festa sem pedir autorização; ele só queria ir embora para casa e dormir a manhã inteira ao lado de sua mulher, grávida de seis meses. Quanto antes aqueles adolescentes idiotas saíssem bêbados da festa, mais cedo ele voltaria para casa.

A morena afastou-se um pouco da entrada e apertou os olhos. Eduardo não estava mais no local aonde ela o deixara. Será que ela havia se enganado de lugar? Estava bêbada, mas não ao ponto de não saber para onde ir.

Ela caminhou até o outro lado, atravessou a rua e voltou. Vários jovens vomitavam na grama e falavam alto em volta, mas ela estava concentrada na missão de encontrar Eduardo. Será que ele havia encontrado Fabrízio novamente e os dois estavam brigando?

Ela tremia só de pensar no que aconteceria se os dois se cruzassem novamente. Eduardo só apanhara da primeira vez porque havia sido pego de surpresa, mas ele era muito maior e mais forte que o baixista; ela tinha medo que ele o machucasse de verdade.

Passaram-se quinze minutos e nem sinal do baterista.

Já sem esperanças, Luíza sentou-se no chão com os papeis e enfiou a cabeça entre as mãos.

Eduardo havia ido embora.


XXX


Fabrízio estava sentado no meio fio e apoiado em um poste de luz, fumando um cigarro de filtro vermelho e olhando para o asfalto. Os seus olhos verdes estavam perdidos e algumas lágrimas escorriam por suas bochechas, mas ele nem as sentia mais.

Ele não sentia mais nada além de uma pressão preocupante em seu peito.

Será que ele morreria de infarto aos 17 anos?

Na semana anterior, ele era Fabrízio Pontes, Fabs para os mais íntimos, 17 anos, baixista da The Corleones, namorado de uma menina linda e gente boa, com amigos nos quais podia confiar, sonhos de um futuro glorioso e tendo como única preocupação as provas finais do Ensino Médio.

Agora ele era Fabrízio Pontes, Fabs para os mais íntimos, 17 anos, baixista da The Corleones, sem namorada, sem o grande amor da sua vida, corno, sem amigos em quem confiar, pouco se fodendo para os resultados de suas provas e, para completar o quadro, pai.

Pai.

Fabrízio Pontes tinha um filho.

Toda vez que ele pensava naquilo, a pressão no peito piorava.

Anestesiado, ele olhou para o lado e avistou Luíza sentando-se no meio fio e apoiando a cabeça nas mãos. Após alguns instantes, a sua ex-namorada levantou a cabeça, o rosto molhado de lágrimas e o olhar vago.

Igualzinho a ele.

Ela virou-se para o lado e cruzou olhares com Fabrízio.

E os dois, contra todas as possibilidades, sorriram.


XXX


Luíza levantou-se com certa dificuldade - não lembrava de estar tão bêbada assim - e deu alguns passos até parar em frente ao baixista. Sentou-se ao lado dele e também apoiou a cabeça no poste de luz. A luz amarela e falha incomodava seus olhos, mas ela não iria sair dali.

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