7.

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"Drugs, give me drugs, give me drugs!"


Fabrízio e Raquel


Fabrízio acordou em êxtase. Havia passado uma tarde maravilhosa ao lado da ex-namorada e conseguiu se focar na tarefa de não agarrá-la. Havia sido difícil, só ele sabia o quanto, mas o garoto se sentia um vencedor.

Eu consegui! Fui forte!

A conquista nem era tão merecedora de comemoração, afinal, ele nunca seria capaz de trair Luíza, mesmo se Raquel pedisse.

Bom, é, talvez se Raquel implorasse...

Mas aquilo não vinha ao caso. Fabrízio não era do tipo de homem que traía, e nunca seria. Luíza era uma ótima namorada e ele seria bom para ela enquanto durasse. Traição era imperdoável!

A única coisa ruim naquilo tudo era que agora ele tinha uma decisão importante nas mãos: Raquel ou Luíza? E, quanto antes ele decidisse, menos magoaria as pessoas a sua volta.

Analisou-se no espelho. O cabelo escuro com mechas roxas - resultado de uma aposta perdida - estava em pé, os olhos azuis com bordas vermelhas da noite mal dormida e o piercing no lábio torto para a direita. Olhando para o piercing, Fabrízio lembrou-se do dia anterior. Honestamente, passar a tarde olhando para o céu e falando merda era o tipo de diversão da qual os seus amigos passariam longe, mas, para o jovem baixista, era um deleite. Principalmente se uma pequena ruiva estivesse envolvida.

A pior parte daquele dia, na sua humilde opinião, havia sido a despedida; ele não sabia se abraçava Raquel, se a beijava, chacoalhava a sua mão... decidiu-se por um breve aceno de cabeça, o qual foi respondido com um sorriso radiante.

Virou-se para o lado, ainda pensando em Raquel, e contemplou o seu laptop aberto. Mexeu no mouse e a foto do plano de fundo acabou com todos aquela felicidade que ele estava sentindo. Na foto, ele e Luíza sorriam, deitados na cama. Ela com as pernas em seus joelhos, ele fazendo uma careta. A morena usava um shorts jeans e uma camiseta rasgada. Era verão, e Fabrízio parecia sinceramente feliz ao lado da namorada. Luíza havia sido a única garota capaz de apagar todas as lembranças dolorosas de Raquel de uma só vez.

O que diabos ele faria agora?


XXX


Raquel chegou atrasada para a segunda aula. Dormiu no máximo duas horas antes do estúpido despertador tocar Whistle For The Choir, anunciando o início da tão sonhada sexta-feira. Sentia-se exausta, mas perder a aula estava fora dos seus planos e dos planos de sua mãe, que esmurrou a porta naquela manhã, berrando "você não está ouvindo a criança?".

Enquanto a ruiva corria pelo corredor e contra o tempo, agradecia a Deus por não ter nenhum período com Luíza aquele dia. Sinceramente, não saberia o que fazer quando a encontrasse. Que tipo de amiga passava a tarde inteira com o namorado da outra?

Aproveitando que o professor estava de costas para a lousa, Raquel correu para dentro da sala e sentou-se ao lado de Bruno, que babava na carteira.

- O que eu perdi? - ela perguntou num sussurro, abrindo o fichário.

- Sei lá... se vira - ele deu de ombros e virou-se para o outro lado.

Raquel ficou observando o amigo atônita. Passado o choque, puxou-o pelo manga da camiseta. Bruno virou o rosto meio a contragosto, irritado; os seus olhos estavam vermelhos e o seu rosto corado.

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