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"But I made up my mind, I'm keeping my baby!"


Eduardo e Luíza


A avó de Raquel estava esperando a neta na porta de casa, enquanto o seu marido, avô de Raquel, brincava com Giulia no jardim. A senhora de cabelos grisalhos e avental amarrotado estava nervosa; não sabia no que aquilo iria dar, mas esperava que desse tudo certo.

Ela avistou a neta virar a esquina e arregalou os olhos. O que ela havia feito com as lindas mechas ruivas, presente genético dela própria?

- Querida, o que você...?

- Eu só dei uma mudada, vó - Raquel sorriu, mas aquele sorriso não condizia com a dureza de seus olhos. - Agora eu sou uma nova mulher.

- Você ainda é uma criança - a sra. Bandeira fez um sinal de contradição. - Não é uma mulher.

- Mas pretendo ser.

As duas mulheres entraram pelo portão lado a lado e Raquel foi até os fundos da casa. Apoiou-se no batente da porta que dava acesso ao quintal e cruzou os braços, observando a pequena garotinha de um ano e alguns meses sentada em um balanço de madeira, mordendo um pedaço de pano e sendo empurrada para frente e para trás devagarzinho pelo sr. Bandeira. A garotinha gargalhava com vontade, o que fazia os olhos dele brilharem de emoção.

A menina era ruiva como Raquel, mas tinha os mesmos olhos misteriosos de Fabrízio, ora verdes ora azuis.

A ruiva suspirou. Estava finalmente pronta para ser mãe; mas será que Fabrízio estava pronto para receber a notícia de que era pai?


XXX


Luíza acordou dez minutos antes do despertador. Não conseguindo mais ficar na cama, ela se levantou e foi tomar um banho. Meia hora depois ela saia do chuveiro, inundando o quarto com a neblina de vapor que estava concentrada no banheiro.

A morena passou mais de uma hora se arrumando; era sempre assim, e ela não se importava com aquela rotina. Tudo para ficar bonita.

Depois de todo o ritual, ela desceu estonteante as escadas de casa, dando de cara com a mãe, tão bonita quanto ela.

- Caiu da cama, Lu? - ela quis saber, rindo.

- Quase isso - Luíza deu de ombros.

As duas foram até a cozinha e ela colocou café em uma caneca. Tomou o líquido puro, fazendo uma careta em seguida.

- Está nervosa? - sua mãe quis saber, mordendo uma torrada com geleia de damasco.

- Um pouco. Hoje é o teste para a Alice e acho que posso perder o papel para a Francine - era mentira; o papel já seria de Luíza antes mesmo que ela entrasse no palco.

Não era aquilo que a estava deixando nervosa. E sua mãe sabia disso.

- Vai dar tudo certo - foi o que ela respondeu.

Luíza beijou o topo da cabeça da mãe e despediu-se do pai, que assistia ao noticiário na sala de TV.

Ela saiu para o sol da manhã de São Paulo e suspirou; se ainda namorasse, Fabrízio a estaria esperando com um carro quentinho e um delicioso Frappucino Mocca do Starbucks. Mas ela não namorava mais Fabrízio, o menino perfeito, e não tinha mais aqueles privilégios.

Mas, ao invés de ficar se martirizando, ela somente espreguiçou-se, pegou o cartão de estudante do bolso da calça e foi até o final da rua esperar o ônibus.

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