3.

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"I feel this burning inside, a feeling that no one should know!"


Eduardo e Luíza


- Luíza, precisamos conversar... - Eduardo murmurou ao passar por Luíza no corredor do segundo andar.

A sua voz não era a das melhores.

- No mesmo lugar? - ela perguntou baixinho, para que Fabrízio, uns cinco passos a sua frente, não ouvisse.

- Sim - ele respondeu, sumindo entre as pessoas.


XXX


Mesmo depois de cheirar o seu armário, coisa que sempre o acalmava, Fabrízio ainda estava com aquela sensação esquisita de mais cedo.

Ele tinha o direito de se sentir esquisito. Ver Raquel depois de tanto tempo era uma apunhalada no peito. Logo agora que ele estava namorando, estava bem, estava feliz...

Fora namorado da ruiva por apenas dois meses, antes dela decidir fazer um intercâmbio - os melhores dois meses da sua vida, diga-se de passagem -, mas, de algum modo, vê-la novamente fez todo o seu corpo formigar. Ele conhecia aquele sentimento: a sua boa e velha amiga submissão. Ela sempre aparecia quando Raquel estava por perto.

E ela conversava justo com quem? Com Bruno, o conquistador barato do pedaço, com toda aquela pinta de fofinho e sentimental.

Meu Deus, no que ele estava pensando? Bruno era o seu melhor amigo!

E de quem Bruno não era melhor amigo?

Fabrízio balançou a cabeça, irritado.

Era claro que ele gostava da namorada. Aqueles olhos castanhos expressivos, a boca carnuda, os cabelos negros e o rebolado no caminhar eram de deixar qualquer um louco. Mas, infelizmente, Luíza não era Raquel e não tinha o impecável gosto musical. Luíza não era Raquel e não falava cinco línguas fluentemente. Luíza não era Raquel e não sabia gemer em alemão. Luíza não era Raquel e, com certeza, não saberia cantar All The Small Things na língua do P. Luíza... Luíza não era Raquel.

Fabrízio percebeu que Eduardo passou por ele como um vulto e se inclinou um pouco ao passar por Luíza, mas não deu importância.


XXX


No intervalo, Eduardo foi até os fundos da escola e acendeu um cigarro.

Ele respirava fundo, apoiado contra o muro, dando pulos toda vez que ouvia algo se mexer. Quando Luíza cobriu os seus olhos com as pequenas mãos, ele quase teve um infarto fulminante.

- Não! É tudo mentira! - ele gritou ao sentir dez dedos quentes envolverem o seu rosto.

- O que é mentira, Edu? - Luíza retirou as mãos do seu rosto, intrigada. Depois, ela pegou o cigarro dele e pisou em cima dele, fazendo-o espumar de raiva.

- Por que você fez isso? - ele perguntou, estressado.

- Porque eu já disse que não gosto que você fume! Não gosto que o cara que eu amo fique cheirando a chaminé! Me responde, Eduardo, o que é mentira? - ela perguntou, levantando uma das sobrancelhas.

- Eu pensei que fosse... - ele suspirou. - Pensei que fosse o Fabrízio.

- Edu, quantas vezes eu vou ter que repetir? O Fabrízio nunca vai saber de nós dois - a morena profetizou, revirando os olhos muito bem maquiados numa expressão de tédio.

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