2.

9.3K 635 446
                                    

"And why do we like to hurt so much?"


Daniel e Ana


Rebecca saiu da última aula radiante, cantarolando pelo pátio. Atravessou os portões e caminhou até o final da rua, entrando no pequeno pub que cheirava a cerveja e futebol. E lá estava ele, com os braços atrás da cabeça, o calcanhar de uma perna em cima do joelho da outra, uma caneca de cerveja na mão e a televisão ligada na reprise de jogo do dia anterior. Bruno não era um grande fã de futebol e ela sabia que ele só queria passar uma imagem de machão.

- Oi, Bruno - a morena cumprimentou, beijando-lhe os lábios.

Bruno segurou a sua nuca ao retribuir, como fazia quando estava animado. Rebecca sentou-se em sua frente e sorriu. Bruno empurrou uma taça de vinho para ela e sentou-se direito.

- Como foram as suas aulas?

- Ah, uma grande explosão de sentimentos! - ela exclamou, fazendo-o rir. - Você sabe que foi uma merda. E as suas?

- Só assisti as duas primeiras. Bom, na verdade eu dormi nas duas primeiras... - os seus braços saíram de trás da nuca e ele ficou sério. - Becca... eu... - e, de repente, ele perdeu a coragem.

Bruno não sabia se conseguiria pedir aquilo à ela. Rebecca era a sua melhor amiga, era verdade, mas também era apaixonada por ele e ele sabia muito bem disso - embora fingisse não saber de nada. E se ela se enchesse dele de uma vez por todas? Mesmo parecendo não se importar muito, o loiro não queria perdê-la.

Não suportaria perdê-la.

- Você...? - ela o incentivou.

Rebecca, por outro lado, estava esperançosa. Talvez Bruno estivesse tentando chamá-la para sair, e, se isso acontecesse, ela sabia exatamente o que aconteceria: os dois iriam até o seu apartamento, rolaria um remember daquela noite perfeita de dois anos atrás e eles viveriam felizes para sempre!

- Becca, eu te chamei aqui hoje para te pedir um favor - Bruno explicou, decidindo-se: se Rebecca fosse mesmo sua amiga, entenderia que ele era apaixonado por Carolina e o ajudaria.

Rebecca deu um gole no vinho, concordando com a cabeça para que ele continuasse.

- Eu preciso da sua ajuda para reconquistar a Carol - ele continuou, abaixando o rosto.

Sentia-se um canalha, mas era a sua última esperança.

Rebecca quase cuspiu o conteúdo da taça. Teve de fazer força para não passar vergonha. Depois de lutar alguns segundos, que mais pareceram horas, contra a própria garganta, engoliu o vinho de qualquer jeito, tossindo feito louca.

- Você o quê? - ela perguntou, a voz subindo uns cinco tons.

- Preciso que você me ajude a reconquistar Carol. Preciso que você finja estar comigo todas as vezes que ela estiver por perto. Ela me disse hoje mais cedo que ainda não se decidiu, e eu sei que ela te odeia com todas as forças, e talvez se ela pensar que nós estamos juntos, se decida por mim... nada que o bom e velho ciúmes não faça, não é mesmo? - ele sorriu, finalmente olhando Rebecca nos olhos, que sentia o coração bater mais rápido do que o normal.

Se ela morresse ali, naquele exato momento, a sua morte não seria nada dramática. Um ataque cardíaco em um pub fedido: qual era a graça naquilo?

- E aí, Becca, aceita? - ele pediu, esperançoso. Rebecca fechou os olhos e respirou fundo. Ela estava tão anestesiada pela dor e pela humilhação que a única coisa que conseguiu fazer foi balançar a cabeça em afirmativa. - Eu sabia! Você é demais! - Bruno exclamou, beijando a sua testa. - A melhor amiga que já existiu!

Nuts!Onde histórias criam vida. Descubra agora