8.

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"Truth be told, I'm lying..."


Bruno e Rebecca


Luíza levantou-se com um pulo, correndo até Fabrízio. Eduardo ficou no chão, estático, sem saber o que fazer.

- Fab, Fab, não é o que você está pensando! - a morena exclamou, segurando a sua mão.

- O que é, então? - ele perguntou, apontando com a cabeça para Bruno e Ana se beijando no chão. - Eles estão brincando de desentupidor de pia?

Luíza olhou confusa para onde Fabrízio olhava. E então entendeu. E começou a rir.

Gargalhar.

Eduardo, aliviado, começou a gargalhar também, deixando Fabrízio confuso. Qual é a porra da graça?, ele pensou, irritado. Não gostava quando os seus amigos faziam aquela zona na sua casa, depois sobrava para ele limpar tudo e ouvir os desaforos dos pais.

Fabrízio foi até o sofá onde Daniel dormia e puxou o casaco debaixo da sua bunda.

Antes de sair, virou-se para Luíza e Eduardo.

- Não quero ninguém transando aqui. Avisem àqueles dois.

Então saiu.


XXX


Rebecca resolveu sair da "festa"; não ficaria ali para continuar sendo humilhada.

Ela entrou na edícula, pegou o seu casaco e saiu sem ser vista. Não olhou para Bruno e Ana no chão, nem para Daniel adormecido no sofá. Foi embora antes que fizesse alguma besteira.

Saiu para a rua, ignorando os soluços de Raquel, que chorava copiosamente no ombro de Fabrízio. Se corresse, ainda poderia pegar o último ônibus para casa - ela não estava em condições para dirigir e não costumava ser negligente quanto a própria vida.

Instalou-se no ponto do final da rua, acendendo um de seus cigarros do maço. Carregava sempre tabaco e seda para os momentos descontraídos e cigarros industrializados para momentos como aquele; ela nunca conseguiria bolar um cigarro naquele estado.

A morena fumava com os dedos trêmulos enquanto olhava os horários atrás de si. Eram 3h23 da manhã e o próximo ônibus só passaria às 3h38.

Encostou a cabeça no ponto e fechou os olhos.

- Noite ruim? - uma voz masculina a assustou.

Rebecca abriu os olhos no mesmo instante, dando de cara com um garoto sentado ao seu lado.

Ele estava embaixo da luz fraca do poste, com o rosto brilhando de uma maneira fantasmagórica. Os seus olhos eram de um escuro opaco, assim como o cabelo liso, que chacoalhava com o vento. As sobrancelhas eram bem desenhadas e a sombra de uma barba envolvia o seu maxilar. O garoto usava um sobretudo preto com a gola levantada, completamente exagerado para a temperatura morna que os envolvia.

Rebecca teve a nítida sensação de estar conversando com um vampiro.

Um vampiro maravilhoso.

- Meu Deus, você me assustou! - ela exclamou, arrumando-se no banco. - Não é legal sair por aí assustando garotas em pontos de ônibus.

- Não é legal, mas também não é ilegal - ele comentou, os lábios se movimentando de uma forma sensual.

- Espero que você não faça nada que se torne ilegal - ela rosnou, querendo parecer ameaçadora, embora estivesse totalmente amedrontada.

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