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Will

Evelyn brinca com a bainha da minha camisola e mordisca o lábio inferior enquanto eu a observo acariciando os seus cabelos loiros.

- O que foi? - Acabo por perguntar. A minha voz soa muito rouca pela onda de preguiça que me abanou.

A rapariga encolhe-me os ombros o que me faz ficar ligeiramente irritado. Fecho os meus olhos e inspiro forte para não resmungar com ela.

Ela deita a cabeça no meu peito e envolvo o meu braço no seu corpo. Ela tem a respiração ligeiramente ofegante o que me faz questionar se ainda está a pensar no que lhe fiz à pouco mais de 10 minutos.

Cubro o meu rosto com o braço livre enquanto me deixo enterrar lentamente no seu colchão. Sinto-me ensonado. No entanto, nestes dias na solitária não tenho feito outra coisa se não dormir, mas o facto de estar aqui com ela cria um ambiente tão bom que me faz sentir em casa. Finalmente em casa.

Nos seus braços sinto-me tão bem. Sinto-me, de certa forma, feliz.

- Eu... gostava de... ah... de retribuir. - Evelyn diz no seu típico tom baixo e doce.

Retiro o meu braço da frente do meu rosto para poder olhar para ela. E lá está ela. A mordiscar o lábio enquanto os seus grandes olhos me encaram.

- De certeza, Eve? - Levanto as minhas sobrancelhas surpreendido.

As suas bochechas ganham alguma cor o que me faz sorrir para ela.

- Gostava de... Eu gostava ahm... - A sua timidez provoca um novo sorriso em mim.

A rapariga sobe para cima do meu corpo sentando-se na minha cintura. Deixo as minhas mãos irem de encontro à sua cintura. Ela mexe-se, tentando colocar-se confortável e não se apercebe que só isso me deixa fora de mim. Deixo a minha cabeça cair na almofada de novo, enquanto deixo um suspiro escapar dos meus lábios para a deixar a par do seu efeito em mim.

Evelyn parece atrapalhar-se e observo o seu rosto atrapalhado.

- Eve, tu não tens de... - Começo, mas ela já está toda deliciosa a mexer-se contra mim.

-William, podes... ajudar-me? - A sua inocência vai tirar-me do sério.

Aperto a sua cintura nas minhas mãos e ajudo-a a mexer o seu corpo contra o meu. O meu corpo responde de imediato e vejo os seus olhos arregalar-se e olhar na direção à minha cintura.

Sorrio para mim e levanto o meu corpo para colar os nossos lábios. Isso apanha-a desprevenida e consigo ver um olhar de surpresa antes de eu fechar o meu. Faço a minha língua tocar na sua e consigo senti-la arrepiar-se contra mim.

Abraço o seu corpo contra mim e enterro a minha cabeça na curva no seu pescoço.

- William? - Ela chama.

- É hora de eu ir. - Informo-a.

Evelyn baixa o rosto e volta a mordiscar o lábio inferior com uma expressão fechada.

- Porquê? - Ela questiona.

Levanto-me e espreguiço-me tentando afastar toda a preguiça do meu corpo.

- O Darren não me deu muito tempo e acho que já o excedi. Tenho de ir falar com ele.

Evelyn assente e olha as suas mãos. Subo o seu rosto para mim com a ajuda de uma das mãos e componho uma madeixa do seu cabelo.

- Vais voltar? - Ela engole em seco.

- Vou, Evelyn. - A minha voz sai mais rouca do que eu desejaria. - Vou voltar e vamos acabar isto.

- Porque não agora? - Ela encosta o seu rosto na palma da minha mão.

- Acho que já foi bastante por hoje para ti, meu amor. - Sorrio-lhe. - Eu vou voltar, mas não vou fazer mais nada se não me deixares.

As minhas palavras parecem surpreendê-la. As minhas palavras surpreendem-me a mim mesmo. Evelyn assente e mordo o seu lábio inferior, antes que seja ela a fazê-lo.

- Adeus. - Ela diz quando estou a sair do seu quarto.

- Dorme. - Ordeno com um sorriso nos meus lábios.

Fecho a porta do seu quarto e expiro encaminhando-me para o consultório de Darren.

Entro sem sequer bater à porta e dou de caras com um Darren a bebericar de uma bebida enquanto ri a altas gargalhadas com alguém enquanto fala ao telemóvel.

- Ups. - rio-me para ele vendo a sua expressão mudar de senhor contente para senhor secante e profissional.

Sento-me na cadeira em frente da sua secretária enquanto pego no maço de cigarros perto das suas mãos. Retiro um e coloco-o entre os meus lábios.

- Sim, tenho de desligar. Depois falamos. - Ele desliga apressado e encara-me com uma expressão furiosa. - Eu disse-te dez minutos, não quase duas horas!

- Ah... perdi-me no corredor. Tens lume? - Minto e ele entrega-me um isqueiro que eu uso para queimar ligeiramente a ponta do cigarro.

Puxo o fumo e a nicotina entranha-se no meu organismo, recomeçando um ciclo vicioso. Liberto o fumo bem na direção do rosto do psiquiatra que apenas me pisca os olhos.

- Posso saber sobre o que falaram? - Ele questiona-me.

- Não falamos muito. - Encolho os ombros.

- Então?

- Sei lá. - Prendo o cigarro com os dentes e levanto-me para, mais uma vez, observar os seus livros. - Vou levar um se não te importares.

- Estás à vontade, mas diz-me o que fizeste com ela.

- Não devias estar a perguntar-me se aprendi a minha lição na solitária e a fazer-me prometer que nunca mais vai acontecer?

- A Evelyn é mais importante do que isso, William.

- Lembraste de te dizer que tenho uma atração sexual por ela? - Olho para ele e recebo um olhar de testa franzida. - Bem, acho que ela sente o mesmo por mim.

Deixo o fumo escapar novamente para os meus lábios.

- William, o que te leva a pensar isso? - Ele diz num tom calmo porém forçado.

- Vou dormir. - Atiro o cigarro para o seu caixote do lixo. - Ela deixou-me cansado.

Caminho para fora, ouvindo apenas o meu nome como protesto.

Provocar este homem é que é um vício. 

EvelynOnde histórias criam vida. Descubra agora