Evelyn

24

Will

Bato com o pé no chão, nervoso. As minhas mãos apertam os meus joelhos com força e encaro a secretária de Darren sem conseguir dizer alguma palavra. Evelyn demora a juntar-se a mim e ao psiquiatra, mas quando finamente chega, senta-se na cadeira ao meu lado.

Olho para ela que me lança um sorriso também nervoso. Pego numa das suas mãos para a apertar contra mim. Eve está a tremer muito e sei que também está com medo.

Relações sexuais são estritamente proibidas e têm grandes penalizações. Ouvi histórias de quatro meses de solitária para cada ou a transferência de um deles para outro hospital, mas como Evelyn está grávida não a podem atirar durante muito tempo para uma solitária. A mim podem, mas eu não estou preocupado com isso. A solitária já é um dos meus cantinhos aqui dentro, mas Evelyn não aguentaria fechada entre as paredes escuras, arranhadas e sussurrantes de delírios. Se me enviarem para outro hospital, tenho medo que Evelyn se vá abaixo.

Eu não quero deixar de a ver. Eu próprio iria abaixo. Ambos começamos a melhorar a nossa condição com a ajuda um do outro e, afastados, certamente voltaríamos a cair no desespero dos nossos cérebros.

Por isso, eu estou encerrado na minha bolha de pensamentos desde que aqui entrei a tentar reunir argumentos num bom discurso para Darren não penalizar Evelyn e para não me afastar dela nem do bebé.

-Parecem nervosos. - Darren inicia a conversa.

-Ahm... - pigarreio. - Estamos. Sabemos que erramos.

-Evelyn, querida, não precisas de entrar em pânico, está bem? - ele olha para ela com um sorriso calmo que a faz relaxar ligeiramente e confirmar com a cabeça. Ele tosse um pouco e enche um copo com um líquido acastanhado que leva aos lábios. - Têm a noção que o que fizeram é estritamente proibido?

-Sim. - respondo pelos dois.

-Então porque o fizeram? - ele pergunta.

Abro a boca para responder, mas deixo-me encostar na cadeira e levo a mão que segurava a de Evelyn para os meus cabelos. Então porque o fizeram? Porque ela é linda, ela acalma-me, ela é especial, ela... Eu só queria tê-la para mim. Eu só queria ama-la de todas as maneiras possíveis.

-Aconteceu. - acabo por responder.

-Aconteceu? - Darren repete. - Diz o que realmente estás a pensar, William. Tu não dizes tudo o que devias dizer e fechaste. Já tínhamos chegado ao acordo de seres mais aberto. Melhoras se o disseres.

-Ela é tudo para mim. - acabo por o interromper. - Eve é a rapariga que consegue despertar um misto de emoções em mim que me fazem sentir muito bem. Eu queria ama-la de todas as maneiras possíveis. Queria fazê-la perceber o quão bonita é. Os momentos acabaram por aquecer e aconteceu. Foi bom e descontrolamo-nos.

-William... - Evelyn sussurra ao meu lado e vejo as suas bochechas coradas e um sorriso rasgado no seu rosto.

-Mas a Evelyn era uma rapariga tão inocente, Will. - Darren faz notar.

-E isso tirou-me do sério. - mordo o lábio inferior.

-Eu pedi-lhe por mais, Darren. - Evelyn surpreende-nos aos dois quando fala, embora que com grande vergonha. - Ele faz-me sentir bem e eu pedi por mais.

Agarro a mão de Eve, de novo, e levo-a para os meus lábios. Roço-os nos seus dedos e sinto o seu nervosismo começar a acalmar. Beijo-lhe os nós dos dedos.

-Então vocês amam-se? O que é amor para cada um de vocês?- Darren pergunta e vejo um sorriso ansioso aparecer no seu rosto enquanto ele prepara a sua caneta para apontar o que nós temos a dizer. Olho para Evelyn para a incentivar a começar.