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Will

Evelyn tinha as costas contra o meu peito e as minhas mãos prendiam o seu corpo contra o meu. Ela comia o pequeno-almoço que uma enfermeira nos tinha trazido e eu deixava a minha cabeça descansar no seu ombro.

-De certeza que não queres comer nada? - ela pergunta-me.

-Estou bem. Come tu. - deixo um beijo carinhoso no seu ombro.

Acaricio a sua cintura enquanto os meus olhos analisam a marca negra que eu deixei no seu braço. Sinto o meu peito apertar num misto de sentimentos dolorosos.

A rapariga entregou-se completamente a mim. Tinha sido a primeira vez que alguém se entregara a mim sem eu a obrigar. Eu realmente queria que ela fosse minha pela sua inteira vontade. Evelyn faz-me sentir bem novamente. Faz-me querer protegê-la e dar-lhe tudo de mim. Eu amo-a. Ela faz o meu coração acelerar tão facilmente, deixa-me desnorteado com tanta beleza, com tanta doçura, tanta inocência.

Tudo o que eu mais queria era ficar com ela nesta minha vida. Ela é a felicidade em toda a dor, a minha anestesia psicológica.

A marca negra no seu braço parte-me o coração que eu achava que não tinha. Ela diz que foi inconscientemente, mas foi mesmo? Eu só me lembro dos meus pesadelos e de estar nos seus braços depois. Não me lembro de facto de a ter magoado, mas não seria a primeira vez que apago por completo nos meus momentos de loucura.

Enterro-me mais no seu ombro. Eu prometi a mim mesmo que nunca a magoaria e, inconsciente ou não, tinha-me falhado. Tinha-lhe falhado.

-William, diz-me, o que se passa? - Evelyn pede com a voz doce, quando se vira para mim sentando-se em cima de mim.

Seguro as suas pernas com as minhas mãos e sinto a sua pele suave contra minha. Os seus cabelos loiros caem para o meu rosto e fecho os olhos suspirando.

-Eu não quero ser como o filho da puta do meu pai. Não quero magoar-te. Nunca. Não quero fazer-te mal, porque eu realmente te amo. Tu não imaginas o quanto me fazes feliz, Eve. - digo-lhe com a voz rouca. - E mesmo assim eu magoei-te.

-William, esquece a merda da marca. - Evelyn resmunga com uma voz que nunca lhe ouvi. Abro os meus olhos para ela e vejo a sua expressão de raiva misturada com as lágrimas nos seus olhos. - Tu não fizeste por mal, por favor, não te culpes. Por favor, esquece isto.

-Ok. Tudo bem. - assinto segurando o seu rosto. - Eu esqueço porque me estás a pedir.

Evelyn abraça-me e leva as suas mãos para os meus cabelos. Sinto a sua respiração contra a minha pele o que me faz arrepiar.

-Devias falar com o Darren sobre os teus pesadelos. - ela pede-me.

-O Darren? Oh não. - respondo entre um suspiro.

-Porque não? O Darren é uma boa ajuda. É mesmo. Só precisas de confiar verdadeiramente nele. - ela diz-me o que me faz querer rir, mas não o faço por respeito à minha pequena.

-Tu devias confiar menos nele. - aconselho-a.

-Ele só te quer ajudar. - ela segura os meus ombros.

-Ele nunca vai conseguir ajudar-me. - mordo o meu lábio sentindo as suas unhas fincar na minha pele. - És a única que o pode fazer.

-Então deixa-me faze-lo.

-Já tiveste a tua dose por hoje. - resmungo.

A conversa não me está a deixar nada contente. Não quero que ela se preocupe comigo. Quero que ela se preocupe com ela própria.

EvelynOnde histórias criam vida. Descubra agora