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Will

- William, onde te meteste? - A voz grave dele chama-me.

Engulo em seco e fecho o meu livro de banda desenhada. Escondo-o no meu armário e consigo ouvi-lo a subir as escadas aos trambolhões. Pego na minha cadeira apressadamente e posiciono-a por baixo da janela. Subo para cima dela e abro a minha janela.

Sento-me na ponta da janela e coloco um pé de cada vez para fora. Tenho medo de saltar, mas também tenho medo do papá.

Fungo e olho para baixo. Tenho muito medo de saltar, mas a mamã disse para eu não ter nunca medo porque ela ia proteger-me, mas a mamã já não está aqui.

Fecho os olhos e impulsiono-me para saltar, mas, em vez disso, o meu corpo é puxado de novo para dentro do meu quarto.

Os olhos do papá estão vermelhos e o seu hálito cheira mal. Ele bebeu daquelas bebidas coloridas outra vez.

- Achavas que ias onde, rapazinho? - Ele grita e aperta o meu braço com força.

- Isso dói! - Eu protesto.

- Dói? - Um sorriso desenha-se nos lábios dele e estremeço de medo. - Vamos ver se dói.

Sou impulsionado contra a parede com força e a minha cabeça bate nela fazendo a minha visão ficar turva.

- Mamã, vem buscar-me. - Eu começo a chorar.

- NÃO FALES DELA! ELA NÃO VEM! ELA ESTÁ MORTA!

Acordo ao ouvir movimento do lado de fora da minha porta. Levanto o meu corpo numa tentativa de estabilizar a minha respiração. O filho da puta não podia simplesmente deixar-me em paz?

Ouço novamente movimento do outro lado e sento-me na cama numa tentativa de perceber se já é hora de uma das minhas refeições. No entanto, a minha porta é aberta para meu espanto.

A luz entra para este e encolho-me na minha cama escondendo os meus olhos da claridade. Tento avaliar quem possa ser apenas pelos passos, mas a questão é essa. É quase impossível ouvir o som delicado dos seus passos.

Olho por entre os meus dedos e vejo o corpo de Evelyn com um tabuleiro de comida a encarar a escuridão a tentar encontrar-me.

- Eve. - Murmuro e ela vira-se na minha direção.

Evelyn suspira e caminha na minha direção. Pousa primeiro o tabuleiro na minha cama e depois apressa-se a fechar a porta o suficiente para ainda manter a divisão ligeiramente iluminada.

O seu pequeno corpo cai ao lado do meu na cama.

- Obrigada por me teres ajudado, Will. - Ela murmura. Assinto sem olhar para ela. O meu coração ainda bate forte e as imagens do sonho ainda estão bem ali, a surgir da escuridão.

Os olhos frios do meu progenitor e as coisas que ele fez comigo depois, parecem imergir da escuridão e tentam puxar-me com elas. A minha respiração acelera e eu luto por tudo para não ser arrastado para a escuridão das imagens.

- Não devias estar aqui. - Murmuro de volta para ela. A minha voz sai mais distante do que aquilo que eu desejaria.

- O Darren não me deixa estar aqui. Tive de mentir a um enfermeiro para me deixar entrar.

- Porque o fizeste?

- Eu preciso de estar contigo. Isto é tão injusto. - Ela diz num sussurro e a sua cabeça cai para o meu ombro.

Estremeço. Olho finalmente para os olhos inocentes dela e sinto a sua calma inundar-me. Como por magia os meus músculos relaxam e as imagens afastam-se. Isto nunca aconteceu antes.

- Oh Evelyn. - Encosto a minha cabeça na dela fechando os meus olhos. Inspiro o seu doce cheiro.

- A culpa foi minha. Tu só quiseste proteger-me. - Ela choraminga.

Prendo os seus ombros nas minhas mãos e abano a minha cabeça.

- Eu sabia das consequências. Só te protegi porque eu quis. - Respondo.

Evelyn abraça o meu corpo e perco-me ao sentir o quão quente ela é. Levo uma mão ao seu rosto e puxo-o para mim. Os nossos lábios ficam próximos e consigo vê-la fechar os olhos à espera. Lambo o meu lábio inferior e deposito um beijo no seu pescoço vendo-a arrepiar para mim.

É das melhores sensações de todas, ver que o corpo dela responde ao meu. Desço uma das minhas mãos e mergulho na sua camisola acariciando a sua pele. Evelyn suspira de antecipação o que me faz sorrir contra o seu pescoço. Subo a minha mão podendo sentir um dos seus seios por baixo do sutiã.

Não vou mais longe que isso e afasto o meu corpo do dela. Eve olha para o chão em desapontamento e mordo o meu lábio colocando-me de pé na sua frente. Subo o seu rosto para o poder olhar e peço-lhe que se vá embora.

-Porquê? - Ela diz com a voz ofegante.

-Não quero trazer-te problemas também a ti. Vai embora Evelyn. Acabamos a nossa conversa quando eu sair daqui ok? Não me visites mais.

-Como vou saber quando sais? O Darren não me diz nada.

-Eu vou ao teu quarto. - Digo e aproximo os meus lábios da sua orelha. - E aí acabamos a nossa conversa.

Evelyn assente e vejo alguma cor nas bochechas da rapariga antes de ela se esticar para me abraçar e sair.

Fico sozinho de novo. Como o que ela me trouxe apenas para ter algo que fazer e olho de novo a escuridão em que fui mergulhado, mas desta vez o canalha do meu progenitor está longe.

Mas ela... Oh Deus, ela é tudo em que consigo pensar agora.

EvelynOnde histórias criam vida. Descubra agora