Prólogo

2.9K 106 21
                                    

Eu mal conseguia me manter de pé enquanto eu olhava para o homem que mais amei na vida ali, deitado naquele caixão.

John sempre tinha sido o mais adorável de todos os homens, tão carinhoso e paciente, o namorado mais paciente, o noivo mais participativo e o marido mais dedicado do mundo. Ele foi para mim exatamente aquilo que eu procurava em um homem, em todos os sentidos.

Não me conformo com a forma com que ele morreu. Um bêbado irresponsável bateu em seu carro, o jogando fora da pista e ele capotou diversas vezes, talvez tivesse tido alguma chance de ainda estar vivo, mas o outro motorista fugiu do local sem prestar socorro. Só de me lembrar de que eu estava esperando ele para o jantar, e ao invés dele chegar um policial me ligou perguntando se eu era esposa de John Harrison, quando eu disse sim ele me pediu para ir até o IML fazer o reconhecimento do corpo.

É claro que ele usou palavras mais amenas e menos agressivas, mas ainda sim tão dolorosas quantas. Preferia que ele tivesse sido grosso ao telefone, mas que ao invés de pedir pra eu ir até um IML ele me pedisse para ir vê-lo vivo no hospital.

A família do meu falecido marido consistia apenas em sua mãe, a senhora Mary Jane Harrison, também viúva, assim como eu me tornei a partir daquele telefonema. John não tinha irmãos ou qualquer outro familiar vivo, então, além de mim, a única outra pessoa de sua família era a senhora Harrison, que chorava desconsoladamente ao meu lado.

Eu não conseguia derramar uma lágrima se quer. Era como se minhas emoções estivessem congeladas ainda naquela expressão de choque que eu fiquei ao atender aquele telefone. Mas dentro de mim era como se meu coração estivesse enfrentando uma verdadeira tempestade, cheia de turbulência, raios e trovões. Por dentro eu estou destruída.

Meus pais estavam por ali, assim como meu irmão e sua esposa, mas ninguém tinha conseguido me fazer reagir, tudo o que eu queria era me embolar em minha cama e dormir até toda aquela dor passar. Mentira! Tudo o que eu queria era que meu John estivesse vivo, não importava em que estado, desde que eu pudesse olhar em seus olhos castanhos tão doces e ver o sorriso em seu rosto sempre que eu o chamava de amor.

Oh céus, por que a vida tinha que fazer isso comigo!

Senti os braços de o meu pai me rodearem e um beijo seu em minha testa. Ele, Theodore e John eram os homens da minha vida, mas nesse momento um não está mais comigo, e isso está me matando aos poucos.

- Phoebe! – ouvi uma voz conhecida ao meu lado e quando me virei dei de cara com Karl Strauss, o melhor amigo do meu irmão.

Meu pai me soltou e Karl me pegou em seus braços e me aconchegou em seu peito, só então minhas lágrimas começaram a sair de meus olhos, molhando o seu terno, mas ele não se importava com isso.

- Sinto muito, querida! – ele disse acariciando os meus cabelos.

Acenei levemente com a cabeça e limpei as poucas lágrimas que tinham caído quando eu o abracei.

- O caixão precisa ser conduzido até o cemitério, princesa! – meu pai me disse assim que viu que eu já tinha me controlado melhor. – Não podemos demorar mais, desculpe!

Eu me limitei a acenar com a cabeça concordando facilmente com o que ele me dizia.

O caixão de Jon foi carregado até o carro da funerária, já que estávamos velando ele na casa de sua mãe, e então eu fui com Theodore, Luz e meus pais no carro do meu irmão, que estava sério de um jeito que há muito tempo eu não via, desde que Luz entrou em sua vida.

O Caminho pro cemitério foi relativamente rápido, mas ainda sim devastador. Estava levando meu querido marido para o que seria sua morada eterna, e isso estava me matando. Quando casamos pensamos que iria ser algo para sempre, mas não contávamos que o para sempre chegaria tão rápido, a pouco mais de um ano atrás estávamos comemorando a nossa união sobre a bênção de Deus e dos homens, no entanto, agora estou aqui, levando o corpo do meu marido até o jazido da família Harrison.

O caixão de John foi levado pelo meu pai, por Theodore, e mais dois amigos próximos de John que moravam na Califórnia e tinham vindo para se despedirem dele. Era bom saber o quão amado ele é, pois ninguém se despencaria de tão longe se não fossem por alguém realmente querido.

Na hora de descer seu caixão e lhe devolver para a essência da terra todas as dolorosas lagrimas que eu estava segurando resolveram sair. Nunca tinha chorado tanto em toda a minha vida, se não fossem meus pais ali, meu irmão e Luz para cuidar de mim eu não saberia se tinha sobrevivido. Provavelmente teria me jogado naquela vala para ser enterrada junto dele, para que enfim ficássemos juntos.

Durante o final da nossa cerimônia de casamento o padre tinha dito que o que Deus uniu o homem não separa, aparentemente, toda regra tem sua exceção, pois se não fosse aquele homem bêbado atravessar o caminho do meu marido, ele ainda estaria aqui, me fazendo feliz, me mimando e cuidando de mim com o mesmo amor e carinho que ele sempre tinha me tratado.

Seu túmulo tinha sido lacrado, e no entanto, eu não queria sair dali, assim como a senhora Harrison, que chorava a perda de seu único filho. Eu a abracei com sofreguidão e ela fungou em meu ouvido, e então nós duas unimos a nossa dor, dor essa que nunca passaria, pois a perda de um filho e de um amor tão grande nunca seria esquecida.

Se o meu sofrimento era grande, imagina o dela que era a mãe de John. A lei da vida não poderia ser assim, uma mão não poderia enterrar seu filho antes dela, isso não é justo!

Mas aparentemente a vida não é justa!

prólogo postado! Sei que eu tinha prometido ontem, mas a minha sobrinha nasceu, visto que ela estava prevista para fazer cesariana após o dia 28/03 não surpreende que tenha sido um alvoroço em minha casa, por isso não tive tempo nem de sentar na frente do computador, mas aqui estou eu! :-)

25/03/2015

Nove Meses Para Amar Onde histórias criam vida. Descubra agora