Nove Meses Para Amar

DOIS - KARL

Fiquei tão preocupado com Phoebe quando a vi passando mal naquele estacionamento, quase tive um troço ao vê-la tão pequena e indefesa sem nenhuma ajuda por perto. Então quando chegamos ao hospital eu fiz de tudo para entrar com ela, mas não me foi permitido, ela estava entrando em emergência e mesmo eu dizendo que era seu marido fui proibido de entrar lá. Foram mais de quatro horas sem ter noticias suas, tinha prometido não entrar em contato com sua família, e ia cumprir, pelo menos até ter alguma notícia concreta sobre ela, o que só veio há acontecer horas depois.

Fui informado que ela estava sendo encaminhada para um quarto e que já passava bem, o que ela tinha era algo que envolvia seu ciclo e que seria explicado melhor quando o médico viesse ver como ela estava. Entrei no quarto e ela estava deitada ali, completamente adormecida pela medicação, seus cabelos negros estavam trançados de lado, seus olhos azuis estavam fechados, seu rosto tinha uma expressão suave e sua pele estava ainda mais pálida do que o que ela costuma ser.

Beijei sua testa com carinho, sempre tive vontade de fazer isso com ela, Phoebe tinha sido meu sonho dourado, o anjo por quem meu coração sempre bateu mais rápido, mas ainda sim nunca tive coragem de me aproximar dela desse jeito. Meu passado é muito sombrio pra ter direito a arrastar alguém como ela junto a mim. Theodore sempre soube que eu gostava dela, estava na minha cara desde a primeira vez que a vi, mas ele achava que não me aproximava dela por dar mais valor a minha vida de solteiro. Ele não poderia estar mais errado!

Sentei na poltrona que ficava ao lado de sua cama, admirando a sua beleza singela e tão delicada. Pensando no quão magoado eu fiquei ao vê-la casando com outro homem que não era eu, poderia ter tentado ficar com ela, arriscar levar ela pro meu mundo fodido, mas então correria o sério risco de lhe magoar profundamente, tudo o que eu nunca quis.

Não sei que horas aconteceu, mas em dado momento peguei no sono enquanto velava ela dormir. Acordei com ela me encarando daquela maneira tão apática em que Phoebe vinha se comportado desde que o se marido tinha falecido. Minha pequena não sorria, não brincava, parecia um corpo sem vida, se matando aos poucos... Matando-me aos poucos... Sempre que eu via sua expressão tão abatida eu me sentia ainda pior, como se quisesse pegá-la em meu colo e lhe confortar.

- Olá... – eu disse. – Você está bem, está se sentindo melhor?

- Sim! – respondeu e eu suspirei aliviado.

- Que susto você me deu, Phoebe!

- Desculpa! – pediu baixinho, completamente sem jeito.

- Não precisa se desculpar por ficar doente, pequena! – fiquei de pé e fui até ela. – Eu fiquei bastante preocupado de te encontrar daquele jeito, não gosto nem de imaginar o que teria te acontecido se eu não tivesse chegado ao estacionamento naquele momento.

- Obrigado por ter me ajudado! – estendeu a mão pra mim, pegando-me totalmente de surpresa.

- Não tem o que agradecer! – peguei sua mão e a apertei delicadamente, senti uma corrente de afeto tão grande passar dela para mim através daquele gesto tão singelo. – Eu fico feliz de poder ajudar, mesmo em uma ocasião como essa!

Nesse momento um médico entrou no quarto e sorriu ao nos ver de mãos dadas. Ela puxou sua mão, mas eu a manteve firme entre meus dedos.

- Que bom que acordou, senhora Harrison! – ele disse todo sorridente. – Como está se sentindo agora?

- Melhor! – sussurrou quase sem força.

- Que bom, assim poderá sair daqui o mais rápido possível, não é? – ele olhou pro seu prontuário. – Bom, o que a senhora tem é uma doença chamada ovários policístico, por isso que passou tão mal hoje, imagino que não seja a primeira vez que não se sentiu bem...