DESENCONTROS

5- Quem é vivo sempre aparece.

Olhei as horas em meu purso impacientimente e tomei um longo gole de minha limonada. Eu estava completamente anciosa em reever Meire. Queria saber como ela estava, se estaria namorando ou casada.
Eu sei que eu poderia ter mandado uma mensagem ou ter feito um telefonema, mas a parte egoista de mim não queria intervir em sua vida, por que eu estava com medo de que Meire não retornasse minhas ligações, caso eu tivesse feito algumas.

E era por isso que eu olhava mais uma vez aquele relógio com a respiração exasperante.

- Se você olhar esse relógio mais uma vez, eu juro que arranco ele de seu purso e jogo fora.

Ameaça Sara, doce como ela sabe ser.

- Que horas foi marcada a entrevista?

- 08:00 horas. - Disse Sara com cara de tédio.

- Ela está dez minutos atrazada. Será que aconteceu alguma coisa? Um imprevisto?

- Não sei Millah, mas se tivesse, acho que ela tentaria nos avisar.

Alisei meu rosto colocando alguns fios de meu cabelo no lugar. Reprimi a vontade de olhar mais uma vez o relógio, e me concentrei no copo de limonada a minha frente.

Mais alguns minutos se passaram, até Meire surgir em minha visão. A olhei completamente abismada e anesteciada. Me pareceu uma miragem vestida de modo tão elegante. Não permiti me mover.

- É ela. - Atraio a atenção de Sara para a garota branca e bem vestida parada proximo o barzinho que estamos. Percebo quando ela desvia seu olhar varias vezes de um canto a outro como se estivesse procurando por algo, ou alguém.

- Ela é linda. - Murmurou Sara. - Acho que estou tendo uma CVA "Crise de Inveja Aguda".

- Ela é muito linda mesmo.

Atrevo-me uma aproximação e quando saio do barzinho os olhos azuís de Meire esbarram em mim. E por um momento pensei que ela iria cair, pois a loira tombou para trás, um pouco enbasbacada, uma mistura de incrédualidade e espanto formaram a expresão de seu rosto.
Sorrio para ela com um pouco de receio.

- Meire.

Ouço uma lufada de ar sair de sua boca me deixando confusa, ela havia segurado a respiração ao mim ver? É serio?

- Você... Voltou.

Disse ela atônita. Me aproximei o bastante para abraça-la.

- Senti saudades. - Era dificio de acreditar nessa minha declaração, pois eu tive exatos três anos para manifestar algum tipo de sentimento em relação aos meus amigos.

Mas a verdade era que eu havia mesmo sentido falta de Meire, principalmente logo nos primeiros dias de minha estadia na Itália. Tudo que eu mais queria era poder conversar com ela. Poder falar das cidades que eu havia visitado, dos restaurantes e do meu novo trabalho. Mas o medo de ser esnobada, de que Meire estivesse com raiva de mim, me impediu de entrar em contado com quem quer que seja.
Embora nós fossemos melhores amigas. Sim, Meire e eu eramos exatamente o queijo e o rato, a bola e o jogador. Tinhamos a mesma relação que tenho com Sara hoje. Ela sabia de todo o meu trama com meu pai, participava de minha antiga vida arduamente, até a época que me apaixonei por João. Ela sabia de tudo ao meu respeito.

Mas isso tudo foi a três anos atrás e agora... Bem, eu não sei o que acontece no agora.
Talvez a distancia tenha estragado nossa amizade. Pergunto-me isso pelo modo que Meire esta me abraçando agora. Ela pareceu em choque ao meu contato relâmpago. Suas mãos permaneceram espalmadas sobre minha costas, nenhum movimento, apenas sua respiração.

Afastei-me, liberandoa de meu abraço. Seus olhos pareciam vidros fixados em mim. Ela piscou algumas vezes colocando alguns fios de seus cabelos para trás da orelha. Meire abriu a boca varias vezes, mas não saiu som algum. Seus olhos vagaram pelo o ambiente, notou Sara que se aproximava de nós e encontrou meu rosto mais uma vez.
Acho que ela também imaginava que eu era uma miragem.