10 - Apenas amigos.

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Um dia, apenas. E já estava ouvindo a mensagem de Marcus em seu sotaque italiano perfeito, pronunciando algumas palavras em português.

Ele estava com saudades. Louco para me encontrar e torcendo para que eu realmente esteja pensando em seu pedido de casamento.

Que loucura! Ontem eu estava me descabelando por saber que João está namorando Meire, que nem me toquei que minha situação também é bastante complicada. E pra completar, ainda estou usando o anel de noivado que Marcus me deu.

Será que João notou o anel em meu dedo?

Talvez pensou que eu estivesse noiva.

- O que está fazendo?

A voz de Sara me faz parar.

- Por que está tirando o anel que Marcus te deu?

Girei o diamante na mão. Eu sequer havia percebido isso.

- Eu não sei. Você acha que esse anel carrega algum tipo de sentimentalismo?

Sara aproximou-se, sentando na cama.

- É, parece um anel de noivado.

Disse-me sarcástica.

- Foi o que pensei.

Me levantei e coloquei o diamante, que antes se fazia moradia em meu dedo anelar, sobre a cômoda.

A ruiva me observa sem piscar.

- O que está fazendo?

- Guardando-o. Não queremos que se some, não é mesmo?

Ela bufa contrariada.

- Ou que um certo alguém em "especial" pense que você está comprometida.

- Se está falando de Vicent...

- Vi você admirando o casal ontem a noite. E por um segundo vi você desejando estar no lugar dela.

- Talvez.

- Millah, quando você vai se tocar que ele está em outra? Quando receber o convite de casamento?

Deixei que meu silêncio respondesse por mim. Confesso que não gostei nada daquela insinuação.

- Ótimo! Permaneça ai, longe da realidade. Estarei na sala. Não demore.

E saiu batendo o pé sobre o azulejos, e ainda bateu a porta do quarto.

- Quando vai se tocar? Quando receber o convite de casamento? Blá blá blá. - Resmunguei, fazendo uma imitaçao enjoada da voz de Sara.

- Convite de casamento, há.

Debochei, mas logo a dúvida me invadiu.
Será que eles chegariam a esse ponto? Casamento?

Cabisbaixa, volto a sentar no chão em meios a pilha de roupas que espalhei sobre o quarto, afim de procurar uma roupa bacana para vestir.

Não queria ter que pensar em João e Meire, principalmente depois de ter chorado litros ontem a noite.

Ouço o telefone tocar e antes que eu pense em atendê-lo, Sara grita da sala.

- Deixa que eu atendo!

Não mim movi. Não estava afim de atender o telefone mesmo. Vai que seja o Marcus. Ainda nao me sinto pronta e segura de meus pensamentos para falar com ele. Talvez pelas coisas que eu fiz, sinto-me como se eu o tivesse traído de alguma forma.

Talvez Sara tenha razão. Eu deveria aceitar mesmo o pedido de Marcus e ver no que poderia dar.

- Quem era?

DESENCONTROSOnde histórias criam vida. Descubra agora