23 - A noite mais linda do mundo.

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Aquilo não poderia ser real.

João não poderia ter me convidado para conhecer seu apartamento. Não depois de ter quebrado seu coração e sumir - literalmente - por três anos, não é?

Isso tudo só pode ser um sonho muito louco. E, eu sei que vou acabar acordando a qualquer hora. Por que é assim que esses sonhos terminam. No melhor momento... Putz!!! A gente acorda.

Então, esperei por aquela parte, em que eu acordo e com um aperto no coração me dou conta que, na verdade, o unico apartamento que eu estou, é o meu.

E aí... não tem João. Não tem apartamento novo. Não tem nada. Apenas um coração aflito e cheios de saudades. Eu poderia me acostumar com isso, claro. Se o sorriso daquele anjo tão perfeito não fosse me atormentar o restante da noite.

- Ei. - olhei para o anjo. Será que ele tá falando comigo? - Vai ficar ai, parada na porta?

Ok. Se tudo isso for realmente um sonho, por favor... Não quero acordar agora.

- Só estava admirando sua casa.

Digo um pouco constrangida.

- Você pode admirar daqui de dentro. A visão é ainda melhor.

Disso eu não tenho duvidas.

Um pouco hesitante deu um passo a frente, até estar totalmente dentro de seu apartamento.

Uau!!!

De todas as vezes que imaginei esse momento, eu sempre soube que poderia ser muito melhor. O apartamento de João era muito mais lindo e aconchegante do que eu havia imaginado.

João deve ter percebido a satisfação estampada em cada íris de meus olhos. Pois eu tinha certeza de que eles brilhavam.

Senti uma sensação de prazer e ao mesmo tempo angustiante. Era como se eu estivesse realmente em um sonho. Totalmente surreal. Eu estava com muito medo de tocar em alguma coisa e tudo sumir feito fumaça. Uma loucura, eu sei.

Olhei cada cômodo abismada. Cada detalhe. Eu não queria perder nada.

Eu realmente estava alí, no apartamento de João.

- E, então?

Acho que eu devia estar parecendo uma débil mental, pois João sorria para mim - ou de mim? - de um jeito divertido.

Senti meu rosto esquentar.

- Apartamento bacana.

- Sério? Você achou?

Me permiti tocar no sofá, deslizando a mão sobre a cabeceira.

- Parece até com você. Tudo organizado e limpo.

Aquele sorriso era inquietante.

- Achou que fosse encontrar roupas espalhadas por todos os lados?

- Claro que não. Você nunca foi relaxado sobre suas coisas. Eu sei disso.

Caminhei mais um pouco pela sala. Algo na parede, que dava acesso a um corredor estreito, me chamou atenção. Parei em frente a um quadro. Era a imagem mais linda de um pôr-do-sol.

- Gostou?

João ficou ao meu lado, admirando o mesmo quadro que eu.

- Sim. É muito lindo.

- É o meu preferido. Foi a Meire que trouxe para mim quando visitou o nordeste.

Ouvir aquilo meio que me incomodou um pouco.

DESENCONTROSOnde histórias criam vida. Descubra agora