26 - Um dia de cada vez.

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Acordei. Tudo pareceu tão distante. Como se tivesse sido um sonho bom e ao mesmo tempo doloroso. Mas eu não estava triste, estava conformada. Uma noite maravilhosa como aquela, é claro que haveria consequências. Não posso negar o quanto eu me senti ferida, mas eu também o magoei, e sua dor deve ter sido tão dolorosa quanto a minha. João só queria mim dá o troco e conseguiu. Agora é vida que segue.

Hoje, ao acordar... Eu decide que não vou mais sofrer. Não vou me importar, independente de qualquer merda que eu fizer.

Tomei um banho e saí do quarto. Sara estava na cozinha, sentada à mesa, quando me viu, sorriu.

- Bom dia. Dormiu bem?

- Bom dia. Dormi sim.

Sentei ao seu lado e me servi um pouco de café. Sara ficou me olhando esquisito. Como se procurasse algum vestígio de dor em meu semblante.

- O que foi?

Ela disfarçou o olhar.

- Só estava pensando... que a gente podia sair um pouco.

Peguei uma fatia de queijo e coloquei no pão.

- Onde está o Pablo?

- Ele já foi. Disse que tinha compromisso hoje pela manhã, mas que me encontraria mais tarde.

- Então... Qual é o plano?

- Sabe aquela exposição de artes que você estava louca pra ver? Estava olhando o jornal e vi uma publicação falando sobre ela. Está com uma temporada aqui no Rio, e é pertinho.

Disse ela me entregando o jornal para que eu pudesse olhar.

- Claro, estou precisando mesmo de uma distração.

Sara suspirou.

- Nem me fale, eu também.

Notei um pouco desanimo em sua voz. Será que ela está passando por alguma crise com Pablo?

- Está tudo bem com você e Pablo?

- Sim. Quer dizer... Você sabe, toda essa tensão por conta da nossa volta a Itália está me dando nos nervos. Mas Pablo pediu para que eu não me preocupasse com isso. Como se fosse possível.

Coloquei minha mão sobre a sua.

- Relaxa. Se ele te disse que vai da um jeito, você deveria confiar.

- Até você está me dizendo isso, eu devo estar sendo muito chata mesmo.

- Só um pouquinho.

Sara sorri.

- Então, que horas nós vamos?

Perguntei.

- Que tal agora? Aproveitamos a manhã e depois saímos para almoçar com Pablo.

- Por mim, tudo bem. Só preciso terminar de tomar meu café.

- Claro, sem pressa.

Gostei muito de Sara ter se importado comigo a esse ponto. Estava louca pra ver essa exposição mesmo, e estava achando tudo maravilhoso. Era como se tudo aquilo me completasse. As riquezas nos detalhes, de como eles conseguem colocar tanta emoção em uma pintura.

Estava tão fascinada pelos quadros que perde a noção e o tempo ao meu redor. Até uma voz distante mas um pouco familiar me tirar da bolha. Fiquei surpresa em encontar Lili por aqui.

- Lili? Não sabia que você gostasse de artes.

- Pois é, descobri isso a pouco tempo.

- Você veio sozinha?

DESENCONTROSOnde histórias criam vida. Descubra agora