3 - VHS Misteriosa

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No início do anoitecer a campainha da minha casa soou

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No início do anoitecer a campainha da minha casa soou. Fernanda estava na frente do restante da família (seu marido e dois filhos), carregando duas bandejas em cada mão. Estavam fartas de coxinhas, bolinhos de queijos e outros quitutes deliciosos feitos por ela mesma. O cheiro dos salgados escapava de uma brecha do papel alumínio que cobria as bandejas, fazendo meu estômago dar seu sonoro ar da graça.

Os Fernandes eram uma família muito bonita. Nos conhecemos logo depois que meu pai ficou viúvo. Fernanda era alta, de uma pele bronzeada e cabelos compridos e sedosos. Victor, seu marido, era um engenheiro civil bem sucedido, mais alto que Fernanda, forte e dono de um sorriso perfeito. Pedro e Gabriel haviam herdado o sorriso do pai e a pele bronzeada da mãe.

Resumindo, era uma família digna de um comercial de margarina.

– Muito obrigada, Thomas, por deixar a festa ser aqui – começou Fernanda, olhando meu pai com seus grandes olhos negros cheios de pesares.

Gabriel já foi entrando em casa, deixando a mãe para trás. Ele sabia que a sessão "muito obrigada" não acabaria tão cedo – na verdade, todos sabiam disso – e ele não estava com muita paciência para esperar.

– E aí, Amanda! – disse se aproximando com um largo e costumeiro sorriso enquanto mascava um chiclete. – É hoje que a gente tira a barriga da miséria, hein?

Concordei com a cabeça, pois minha barriga estava mesmo na miséria por causa do meu não-almoço.

Imitando o filho mais novo, Victor também deixou as boas maneiras de lado e foi entrando rumo à cozinha para descarregar algumas bandejas que ele também carregava.

– Oi, Amanda – cumprimentou com um breve sorriso enquanto seguia seu caminho.

Logo depois, surgiu Pedro, o filho mais velho e o gigante da família com quase um metro e noventa de altura.

– Como foi o treino? – perguntou sem ao menos dizer "oi" e com uma cara cansada.

Pedro também era do time do FHS, mas não almejava jogar profissionalmente. Era goleiro, porém não foi ao treino daquele dia porque seu pulso estava aberto, então sua curiosidade era normal.

– Ah... Júlio te substituiu bem...

– Não... – Pedro balançou aquelas mãos cumpridas e morenas como as da mãe. – Estou perguntando como foi para você. Matheus me mandou uma mensagem me contando que você foi... – ele pigarreou antes de continuar. – Expulsa do time.

Ah... Matheus Amorim não sabe fazer um passe, não sabe arrumar o cabelo de uma maneira descente, mas sabe fofocar.

– Estou bem.

Mas isso era mentira e todos sabiam muito bem disso. Jogar futebol era tudo para mim... É sério, digite "futebol" no Google, e sua definição será "Amanda Horstmann, 16 anos, nascida na cidade de São Caetano do Sul, SP – Brasil".

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