13 - A Proposta

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Fernando voltou àquele trecho da trilha depois de alguns minutos que, na verdade, pareceram milésimos

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Fernando voltou àquele trecho da trilha depois de alguns minutos que, na verdade, pareceram milésimos. Eu nem tive tempo de pensar em algo realmente inteligente para dizer. Mas antes que eu perdesse a coragem e também perdesse Fernando de vista, entrei no caminho novamente mesmo assim, e logo estava correndo ao seu lado.

Ele nem parecia ter notado a minha presença ou achar estranho o fato de eu estar correndo tão perto dele. Ou ele estava acostumado com aquele tipo de aproximação, ou era porque a música que saía de seus fones de ouvido era alta demais para ele se dar conta do que acontecia ao seu redor – tão alta que eu conseguia ouvir o vocalista com perfeição.

– Oi – disse de repente (tão de repente que surpreendi a mim mesma), depois de pigarrear.

Senti o sangue subir em meu rosto e torci para que ele achasse que eu estava corando por causa da corrida. Mas ele não concluiu nada, porque, aliás, ele nem olhou para mim.

Os fones de ouvido.

– Oi! – repeti, só que mais alto e gesticulando minhas mãos em frente ao seu rosto.

Fernando finalmente notou minha (indiscreta) presença e tirou os fones, mas não parou de correr.

– Oi... – eu disse mais uma vez. – Você é o Fernando, não é? Fernando Amargo?

– Uhum... – ele disse voltando olhar para frente.

– Eu estudo com você... – eu engoli em seco. – No FHS...

– Eu sei.

Espera.

Ele sabia quem eu era? Quem eu era? Então ele se lembrava também da noite da Batalha de Bandas? Da tarde no Manet's? Do último jogo do time do FHS? Ele sabia quem eu era antes desses acontecimentos?

Não pude deixar de me perguntar tudo isso ao mesmo tempo, e nem de ficar animada com o fato de um garoto bonito me conhecer.

– Ah... Eu... – disse um pouco atordoada. – Meu nome é Amanda... Amanda Horstmann.

Ele voltou a me encarar.

– Eu já disse que sei quem você é.

Tentei conter o sorriso que estava brotando em meus lábios.

Além de tudo ele sabia o meu nome! E o sobrenome!... Mas logo essa vaidade desapareceu.

Será que o quê Fernando sabia de mim tinha influência do que o pai dele pensava ao meu respeito? Será que ele me culpava por tudo aquilo estar acontecendo na vida dele? Quer dizer, se eu não fosse mulher, seu pai não teria me expulsado do time, tão pouco estaria o chantageando. Ele mesmo disse algo assim naquela reunião familiar depois daquele jogo.

– Você é a garota que Jonathan expulsou do time.

Não disse? Era assim que ele me conhecia. Como a garota que o pai dele havia expulsado do time...

Espera.

Ele não chamava Jonathan de pai?

– Eu queria falar com você.

– Você tem cinco minutos. Depois que minha corrida acabar eu vou embora. – ele passou umas das mãos pelo rosto molhado. – E eu não vou convidar você para tomar um café e conversar melhor, se é isso que espera.

– Eu não quero sair com vo...

– Cinco minutos – ele interrompeu.

Filho de uma putinha.

– Eu tenho uma proposta para fazer – disse finalmente.

– Ah, é? Qual? – perguntou sem aparentar um fio de curiosidade.

– Você sabe tocar violão?

– Sim – disse com naturalidade enquanto uma gota de suor caminhava pela lateral do seu rosto até o queixo.

– Eu preciso de aulas e...

– Eu não sou professor – ele me interrompeu.

– Eu disse que tenho uma proposta – minha voz saía tremula por conta do nervosismo, mas torcia para que ele pensasse que era por conta da corrida. – Eu estou pensando em fazer uma troca.

– Que tipo de troca?

– Eu te dou aulas de futebol...

Fernando parou de correr, claramente surpreso com o que eu disse. Parei de correr também.

– Eu ouvi o que seu pai disse... Sobre o carro... E também ouvi o que você disse para a sua irmã... – Fernando ergueu uma de suas sobrancelhas ao mesmo tempo em que trincou seu maxilar perfeito. – Você parece querer o carro, e você não sabe jogar f-futebol... – seu olhar estava me deixando assustada. – Bom, foi isso o que v-você disse. Eu ouvi isso também... Então... Se você me ajudar, eu te ajudo... – eu respirei fundo. – também.

Silêncio.

– Você é louca.

– O quê?!

– Você não ouviu nada – repetiu.Você é louca.

– Eu não sou louca! – me defendi da melhor maneira que eu consegui.

Fernando cruzou os braços e deu dois passos na minha direção de modo que ficasse bem próximo a mim. Tão próximo que chegava a ser desconfortável.

– Você não ouviu nada, ok? – ele sussurrou. – E mesmo se tivesse escutado, sabia que é muito feio se meter na vida dos outros?

– Mas...

Mas eu não consegui dizer ou fazer nada além de "mas", então Fernando se afastou, me deixando ali sozinha.

E humilhada.

E humilhada

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[Notas finais escritas enquanto eu ainda estava postando a história semana a semana:]

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[Notas finais escritas enquanto eu ainda estava postando a história semana a semana:]

 Oi, gente!!!! 

Nesse mês eu vou postar dois capítulos por semana (um na segunda-feira e outro na quinta-feira). Se o desempenho for bom, eu continuo assim, se não for tão bom, volto a postar somente um capítulo por semana, ok?

Beijos e até quinta!

Marine.

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