28 - A Peneira

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Quando o dia da peneira chegou, eu praticamente não consegui dormir

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Quando o dia da peneira chegou, eu praticamente não consegui dormir. Estava nervosa, tensa, preocupada com as minhas aulas de violão, preocupada com a ideia daquele garoto ocupar a minha vaga no time... Porém não podia deixar de ir.

Eu iria ao teste por um motivo óbvio: torcer por Fernando. Sabia que isso significava torcer pelo FHS e automaticamente por Jonathan Amargo. Por outro lado também significava que eu estava torcendo pela continuidade das minhas aulas de violão e pela recuperação do sorriso do meu pai. Com certeza meu pai e seu sorriso contavam muito mais do que meu orgulho ferido e meu ódio contra Jonathan, então, por isso, naquele dia eu vesti a camisa do FHS (metaforicamente, claro).

Os irmãos Fernandes também iriam à peneira. Pedro porque teria de ajudar, e Gabriel porque era enxerido mesmo.

Pedro foi primeiro de carro com Victor porque teria de se preparar horas antes, e Gabriel e eu fomos de metrô e trem, pois Victor recusou dar outra viagem para nos buscar mais tarde. Durante toda a viagem Gabriel ficou narrando as minhas roídas de unha compulsórias como se fosse uma partida de futebol.

Quando chegamos à escola, fomos até o campo onde aconteceria o teste. Na entrada do local havia um homem enorme com os braços cruzados; uma espécie de segurança. Quando tentamos entrar no campo, ele estendeu um de seus braços enormes bloqueando o caminho.

– E o crachá, mocinha?

– Como assim crachá?

A peneira era aberta para qualquer pessoa, contanto que não fizesse nenhum barulho. Se suspirasse um pouco mais alto, estava expulso da arquibancada, mas mesmo assim o teste era aberto.

– O crachá que você precisa ter para poder entrar.

– Não precisamos de crachá, somos alunos daqui – disse Gabriel.

– Desculpe, mas sem crachá não entra – disse o homem cruzando os braços novamente.

– Escuta aqui seu...

– Eles estão comigo – disse Pedro aparecendo de repente.

– Telespectadores não podem trazer acompanhantes – disse o homem a Pedro.

– Eu não sou telespectador. – protestou ofendido e erguendo seu crachá. – Sou o goleiro do time, e ela – ele apontou para mim. – é minha cunhadinha, e ele – disse apontando para Gabriel. – É o meu irmão, namorado da minha cunhadinha. E pelo o que eu saiba eu posso trazer cinquenta pessoas aqui se eu quiser.

Pedro parou de me chamar de Dinha e começara a me chamar de Cunhadinha, o que, em minha opinião, era muito pior do que o primeiro apelido, principalmente somando ao fato de ele saber que eu não era cunhada dele porcaria nenhuma.

Mas enfim.

O cara encarou Pedro de cima a baixo, observando o crachá que ele sim carregava no peito, até finalmente liberar a entrada de Gabriel e a minha.

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