Quando o dia da peneira chegou, eu praticamente não consegui dormir. Estava nervosa, tensa, preocupada com as minhas aulas de violão, preocupada com a ideia daquele garoto ocupar a minha vaga no time... Porém não podia deixar de ir.
Eu iria ao teste por um motivo óbvio: torcer por Fernando. Sabia que isso significava torcer pelo FHS e automaticamente por Jonathan Amargo. Por outro lado também significava que eu estava torcendo pela continuidade das minhas aulas de violão e pela recuperação do sorriso do meu pai. Com certeza meu pai e seu sorriso contavam muito mais do que meu orgulho ferido e meu ódio contra Jonathan, então, por isso, naquele dia eu vesti a camisa do FHS (metaforicamente, claro).
Os irmãos Fernandes também iriam à peneira. Pedro porque teria de ajudar, e Gabriel porque era enxerido mesmo.
Pedro foi primeiro de carro com Victor porque teria de se preparar horas antes, e Gabriel e eu fomos de metrô e trem, pois Victor recusou dar outra viagem para nos buscar mais tarde. Durante toda a viagem Gabriel ficou narrando as minhas roídas de unha compulsórias como se fosse uma partida de futebol.
Quando chegamos à escola, fomos até o campo onde aconteceria o teste. Na entrada do local havia um homem enorme com os braços cruzados; uma espécie de segurança. Quando tentamos entrar no campo, ele estendeu um de seus braços enormes bloqueando o caminho.
– E o crachá, mocinha?
– Como assim crachá?
A peneira era aberta para qualquer pessoa, contanto que não fizesse nenhum barulho. Se suspirasse um pouco mais alto, estava expulso da arquibancada, mas mesmo assim o teste era aberto.
– O crachá que você precisa ter para poder entrar.
– Não precisamos de crachá, somos alunos daqui – disse Gabriel.
– Desculpe, mas sem crachá não entra – disse o homem cruzando os braços novamente.
– Escuta aqui seu...
– Eles estão comigo – disse Pedro aparecendo de repente.
– Telespectadores não podem trazer acompanhantes – disse o homem a Pedro.
– Eu não sou telespectador. – protestou ofendido e erguendo seu crachá. – Sou o goleiro do time, e ela – ele apontou para mim. – é minha cunhadinha, e ele – disse apontando para Gabriel. – É o meu irmão, namorado da minha cunhadinha. E pelo o que eu saiba eu posso trazer cinquenta pessoas aqui se eu quiser.
Pedro parou de me chamar de Dinha e começara a me chamar de Cunhadinha, o que, em minha opinião, era muito pior do que o primeiro apelido, principalmente somando ao fato de ele saber que eu não era cunhada dele porcaria nenhuma.
Mas enfim.
O cara encarou Pedro de cima a baixo, observando o crachá que ele sim carregava no peito, até finalmente liberar a entrada de Gabriel e a minha.
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NOVEMBRO
Teen FictionAmanda Horstmann foi expulsa do time de futebol da escola (sua maior paixão) e, entre esse acontecimento, descobre que sua falecida mãe compôs uma música para seu pai quando ainda era viva. Motivada por essa descoberta, decide aprender a tocar a mús...