17 - Meu Namorado de Mentira

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Eu tive de concordar com Jéssica: o que mais toma tempo de uma garota é um namorado

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Eu tive de concordar com Jéssica: o que mais toma tempo de uma garota é um namorado. Não que eu já tivesse tido um namorado antes, mas eu era observadora e percebia como as "garotas normais" se comportavam antes de namorar versus enquanto namoravam. Além disso (de ser uma boa observadora), eu também lia aquelas revistas adolescentes quando eu ia ao meu dentista – sabe como é, prefiro ficar rindo das perguntas idiotas sobre sexo e relacionamentos e das respostas mais idiotas ainda, do que ficar meia hora parada vendo a recepcionista lixar as unhas pintadas de vermelho – então sabia como essas coisas funcionavam.

Mas havia um problema: eu não tinha um namorado e acho que nem por um milagre eu conseguiria um; não havia nenhum garoto apaixonado por mim no momento. Na verdade, não me lembro de nenhum garoto nesses 16 anos que tenha se apaixonado por mim, então não posso dar uma de vilã de novela mexicana e usar o coração de alguém para meus próprios interesses, resultando em uma história cheia de paixão, dor, amarguras, e, finalmente, um final feliz em que eu acabo me apaixonando por ele de verdade (não se esqueça do casamento lindo, a gravidez de gêmeos e blábláblá). Sendo assim eu teria de apelar para um namoro falso, e só conheço dois garotos que podem entrar nessa farsa comigo: Gabriel ou Pedro.

Depois de muito pensar e avaliar o perfil dos irmãos, eu cheguei à conclusão de que Gabriel daria um melhor namorado falso por dois motivos simples:

Motivo 1: eu ando mais com Gabriel do que com Pedro por termos a mesma idade. Tanto que sempre nos "com-quem-será?" dos meus aniversários o nome de Gabriel é citado.

Motivo 2: Gabriel está no mesmo ano que eu na escola, inclusive na mesma classe (o que daria para justificar que nossa aproximação foi cada vez mais inevitável).

Mas pedir a ajuda de Gabriel resultaria em eu ter de revelar antes do tempo planejado que Fernando havia aceitado a minha proposta. Mas que escolha eu tinha?

Com tudo decidido, chamei Gabriel para ir até a minha casa, e quando ele chegou, nos sentamos na escada da entrada e fiz logo o meu pedido, ao que ele respondeu:

– Isso é muito constrangedor.

– É só até novembro.

– É muito tempo... – ele disse com agonia.

Não imaginei que fingir ser meu namorado fosse algo tão difícil. Mas em vez de me sentir ofendida com a sua relutância, resolvi deixar o pedido verbal de lado e apelei para as minhas caras de criança carente, gato com fome, vilão manipulador...

Gabriel respirou fundo e ficou pensando por um tempo. Depois de mil anos terem se passado, ele me deu uma resposta:

– Ok.

– Jura?

– Juro.

– Só me promete uma coisa. Fernando não pode nem suspeitar que você sabe sobre as aulas.

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