EXTRA - GABRIEL (GOSTOSÃO) FERNANDES

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Quem entrasse na sala de música naquele momento teria a impressão de estar no céu. Enquanto toda a turma se encontrava sentada, limpando seus respectivos instrumentos, Tiago tocava arpa, o que deixava o ambiente numa pegada mais celestial.

As meninas conversavam baixinho entre si, com o uniforme e cabelos impecáveis; os meninos (incluindo eu) tinham uma postura ereta e o olhar concentrado. Aparentemente nós éramos a personificação de lindos e inocentes anjos cujas mentes são livres de qualquer maldade, já que estávamos ali, ao som de arpa, segurando instrumentos de música clássica. Aliás, por esse mesmo motivo, todo o resto da escola pensava que os membros do Grupo não passavam de pessoas bobas, sem malícia, e sem coragem para enfrentar o mundo lá fora...

- Parece que o Tiago tem os dedos muito habilidosos, né?

- E tem mesmo. Eu mesma já pude constatar...

- Não acredito!

... Quando na verdade ali a putaria corria solta (com todo o perdão da palavra), pendendo só para o grupo de teatro – e acho que só perdia porque eles eram em maior número do que nós.

Todo mundo já tinha pegado todo mundo, e eu acredito piamente que até mesmo a professora já tinha participado de uma dessas brincadeirinhas.

Não, espera. "Todo mundo" não é a expressão correta, porque eu não participava daqueles surubões ou seja lá o que o Grupo fazia quando se reunia. Eu não participava de nada da escola, na verdade. Quando eu chegava em alguma menina, ou ela era de outra escola ou estava em uma dessas excursões para o Hopi Hari, e eu sempre a abordava com uma cantada de pedreiro engraçadinha. O que Deus não me deu de beleza estética, me deu de bom-humor e cara de pau.

Mas, em relação à vida sexual dos membros da banda, eu só tinha conhecimento por conta das conversas que eu ouvia. E não era como se eu ouvisse de propósito... É que eles não eram lá muito discretos quando falavam desses assuntos durante as aulas, como você já pôde perceber.

- Bom dia! – alguém disse passando pela porta rapidamente.

Alice Amargo. Atrasada como sempre.

Se o restante de nós éramos anjos aos olhos do restante do Ensino Médio do Francisco Henrique Sampaio, Alice Amargo era a serafim do mais alto escalão. Todo mundo parava para olhá-la quando entrava nos ambientes, e naquele momento não foi diferente: Tiago soltou uma nota errada na arpa, os outros garotos deixaram com que seus panos de limpeza caíssem no chão e as garotas pararam de cochichar sobre o dia que Tiago fez sei lá o que, sei lá onde, usando seus "dedos habilidosos". Que desnecessário.

Continuando...

A nossa serafim estava longe de ter uma boa reputação. Vivia saindo com os amigos do irmão, Fernando, em festas com gente de outras universidades, que incluíam álcool e cigarros. Todo mundo só sabia fofocar sobre o estilo de vida dela e dele, porém em contra partida, as notas deles eram impecáveis. Alice ainda tinha muitos pontos a mais que o irmão por fazer parte de alguns projetos da escola. Ela era muito participativa e segura de si. Somando o fato de eles, os irmãos Amargo, nunca comentarem sobre as suas vidas pessoais com ninguém, conversando somente o necessário (e sempre de maneira educada), parecia de que o lado B da vida deles fosse quase como um mito popular, difícil de acreditar.

Se Alice já tinha ficado com alguém do Grupo? Não sei. Meus ouvidos biônicos não tinham captado nada, mas também não acho que ela tenha feito algo do tipo com alguém da escola. Como eu disse, os Amargo eram bem discretos, apesar de toda a popularidade que o sobrenome deles carregava. E, além disso, eu não tinha nada a ver com a vida dessa gente.

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