34 - Gabriel e os Outros

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Fernanda teve de lembrar meu pai de que Gabriel, Pedro e eu crescemos juntos a vida toda e nunca demos motivo para que ele "desconfiasse da nossa integridade"

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Fernanda teve de lembrar meu pai de que Gabriel, Pedro e eu crescemos juntos a vida toda e nunca demos motivo para que ele "desconfiasse da nossa integridade". Ela também repetiu a ideia de que se a gente tivesse que transar já teríamos transado há muito tempo já que o que não falta é oportunidade. Lógico que ela não usou essas palavras, mas a ideia foi a mesma.

Diante disso, de toda aquela insistência e a minha sequência de caras de cachorro sem dono que Fernanda fez, meu pai permitiu a viagem. Porém, Gabriel e eu estávamos longe de estarmos livres da desconfiança de que iríamos nos entregar aos prazeres da carne.

– Sexo! – gritou Gabriel indignado fazendo com que algumas pessoas que também estavam no refeitório nos olhassem. – Eles falaram comigo sobre sexo!

– É natural, Gabriel. Seus pais acham que vamos transar – disse num sussurro para que as pessoas que já estavam nos olhando, não ouvissem a palavra "transar".

– Eu sei que sexo é natural, eu sei que falar sobre sexo com os seus filhos é natural, mas eles usaram a metáfora da abelha, sabe? Aquela que a abelha vai de flor em flor e o diabo a quatro? – eu comecei a rir. – Chutaram o balde com essa. Na verdade, até hoje eu não entendi muito bem qual é a dessa das abelhas – ele deu uma enorme mordida no lanche que havia comprado na cantina. – E ainda me deram uma camisinha de posto de saúde. – ele disse com as bochechas enormes cheias de comida. – Nem para comprarem uma descente. Palhaçada.

Meu celular começou a tocar e vibrar dentro do bolso da minha calça jeans, fazendo com que eu parasse de rir da indignação de Gabriel. Depois de uma grande luta entre o bolso, o celular e eu, consegui atender a ligação.

– Diga – disse sem ver no visor do aparelho quem era que estava me importunando em pleno horário de descanso entre as aulas.

– Faltam quatro dias.

Poderia pensar que era a Samara de O Chamado se não fosse aquela voz grave de Fernando que estivesse saindo do meu celular, se referindo indiretamente sobre a batalha de bandas.

– E o quê que tem? – perguntei olhando ao meu redor para ver se ele estava por perto.

– Se ainda quiser participar vamos ter de nos inscrever.

– Eu sei – não o encontrei e desisti de procurá-lo com o olhar. – Você ainda vai tocar, não é?

Gabriel ficou me olhando com curiosidade, tentando entender o meu assunto, enquanto dava uma nova mordida em seu enorme lanche. Apontei para o meu celular, sibilando que era Fernando.

– Vou – ele disse aparentemente ofendido com a pergunta. – Dei minha palavra...

– Sei lá, você nunca me liga. Pensei que iria abrir uma exceção para me dizer más notícias – eu dei de ombros, mesmo sabendo que ele não estava me vendo. – Só espero que você não se arrependa de participar dessa batalha comigo...

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