Fernanda teve de lembrar meu pai de que Gabriel, Pedro e eu crescemos juntos a vida toda e nunca demos motivo para que ele "desconfiasse da nossa integridade". Ela também repetiu a ideia de que se a gente tivesse que transar já teríamos transado há muito tempo já que o que não falta é oportunidade. Lógico que ela não usou essas palavras, mas a ideia foi a mesma.
Diante disso, de toda aquela insistência e a minha sequência de caras de cachorro sem dono que Fernanda fez, meu pai permitiu a viagem. Porém, Gabriel e eu estávamos longe de estarmos livres da desconfiança de que iríamos nos entregar aos prazeres da carne.
– Sexo! – gritou Gabriel indignado fazendo com que algumas pessoas que também estavam no refeitório nos olhassem. – Eles falaram comigo sobre sexo!
– É natural, Gabriel. Seus pais acham que vamos transar – disse num sussurro para que as pessoas que já estavam nos olhando, não ouvissem a palavra "transar".
– Eu sei que sexo é natural, eu sei que falar sobre sexo com os seus filhos é natural, mas eles usaram a metáfora da abelha, sabe? Aquela que a abelha vai de flor em flor e o diabo a quatro? – eu comecei a rir. – Chutaram o balde com essa. Na verdade, até hoje eu não entendi muito bem qual é a dessa das abelhas – ele deu uma enorme mordida no lanche que havia comprado na cantina. – E ainda me deram uma camisinha de posto de saúde. – ele disse com as bochechas enormes cheias de comida. – Nem para comprarem uma descente. Palhaçada.
Meu celular começou a tocar e vibrar dentro do bolso da minha calça jeans, fazendo com que eu parasse de rir da indignação de Gabriel. Depois de uma grande luta entre o bolso, o celular e eu, consegui atender a ligação.
– Diga – disse sem ver no visor do aparelho quem era que estava me importunando em pleno horário de descanso entre as aulas.
– Faltam quatro dias.
Poderia pensar que era a Samara de O Chamado se não fosse aquela voz grave de Fernando que estivesse saindo do meu celular, se referindo indiretamente sobre a batalha de bandas.
– E o quê que tem? – perguntei olhando ao meu redor para ver se ele estava por perto.
– Se ainda quiser participar vamos ter de nos inscrever.
– Eu sei – não o encontrei e desisti de procurá-lo com o olhar. – Você ainda vai tocar, não é?
Gabriel ficou me olhando com curiosidade, tentando entender o meu assunto, enquanto dava uma nova mordida em seu enorme lanche. Apontei para o meu celular, sibilando que era Fernando.
– Vou – ele disse aparentemente ofendido com a pergunta. – Dei minha palavra...
– Sei lá, você nunca me liga. Pensei que iria abrir uma exceção para me dizer más notícias – eu dei de ombros, mesmo sabendo que ele não estava me vendo. – Só espero que você não se arrependa de participar dessa batalha comigo...
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NOVEMBRO
Teen FictionAmanda Horstmann foi expulsa do time de futebol da escola (sua maior paixão) e, entre esse acontecimento, descobre que sua falecida mãe compôs uma música para seu pai quando ainda era viva. Motivada por essa descoberta, decide aprender a tocar a mús...