Vi Fernando sem expressão. Estava afastado da multidão que se espremia em frente ao mural que divulgava o novo atacante do FHS. Minha vontade era de xingá-lo de todos os nomes possíveis por não ter me ligado ou feito qualquer coisa para me mandar notícias sobre o que estava acontecendo na sua casa com o demônio do pai dele, mas não podíamos nos falar na escola – fazia parte do trato.
Seu rosto não dizia nada que pudesse me adiantar o que estava escrito na lista pregada no mural. Tinha certeza que ele já sabia da decisão do pai. Senti vontade de xingá-lo por isso também, mas não pude fazer isso nem com o olhar, já que ele não havia percebido minha presença.
O jeito de descobrir o que aconteceu era me enfiando naquele mar de gente, e ver o nome do novo atacante no mural.
Empurrei algumas pessoas com os braços, e quando não consegui mais mexê-los (digo, os braços), comecei a empurrar com o ombro. Todo mundo falava ao mesmo tempo e, por isso, se falavam o nome do novo atacante ou não, eu não conseguiria entender mesmo.
Finalmente consegui visualizar o mural e, embora eu fosse empurrada de todos os lados, consegui ler a lista.
"Agradecemos a todos os candidatos que compareceram ao teste para a seleção da vaga do time de futebol do Francisco Henrique Sampaio. Informamos que o novo atacante do time é Fernando Rodrigues Amargo. Agradecemos a participação de todos e os esperamos em uma nova tentativa no próximo semestre."
– Isso! – disse sorrindo dando um tapa na lista e me afastando da multidão para dar a boa notícia a Pedro e Gabriel.
Jonathan realmente queria seu filho no FHS, independentemente dos seus atos de rebeldia. Para quê ele queria isso eu não sabia, já que a cada dia que se passava eu percebia que a relação dos dois não era a das melhores (Fernando nunca chamava o treinador Amargo de "pai", além de sempre vivem brigados). Talvez ele estivesse tentando estabelecer uma comunicação amigável com o filho... Mas era uma coisa difícil de acreditar. Jonathan não parece querer estabelecer uma comunicação amigável com ninguém.
Mas dane-se. O importante é que com a entrada de Fernando no time, minhas aulas de violão estavam seguras e ele estava mais perto de conseguir seu carro.
– Está com inveja por eu ser o novo atacante daquele timeco? – Fernando provocou se sentando ao meu lado.
Não respondi. Estava concentrada tentando acertar a nota. Já havia perdido muito a concentração enquanto finalmente xingava Fernando por não ter me dado notícias. "Não tinha notícia nenhuma para dar. Meu pai não disse nada" ele respondera.
– Está com inveja – cantarolou agora.
– Vá te catar, Fernando. – o encarei com tédio. – Tenho mais coisas importantes com o que me preocupar.
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NOVEMBRO
Teen FictionAmanda Horstmann foi expulsa do time de futebol da escola (sua maior paixão) e, entre esse acontecimento, descobre que sua falecida mãe compôs uma música para seu pai quando ainda era viva. Motivada por essa descoberta, decide aprender a tocar a mús...