12 - Correndo (Literalmente) Atrás

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O fato de Fernando ter dito que não sabia jogar futebol me surpreendeu e muito

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O fato de Fernando ter dito que não sabia jogar futebol me surpreendeu e muito. Que tipo de garoto do século XXI não sabia jogar futebol? Era loucura! Mas parecia que a coisa era séria mesmo, porque Fernando saiu da sala sem ceder aos pedidos de sua irmã e sem pretensões de aceitar a "proposta" de Jonathan. E, bom, por mais que fosse loucura, essa era a única justificativa plausível para o garoto recusar tanto entrar no time.

Mas depois de ouvir àquela conversa, várias coisas começaram a se passar rapidamente na minha cabeça. Coisas parecidas com um quebra-cabeça que precisava ser montado, cujas respectivas peças eram:

Peça número 1: Fernando parecia querer um carro, mas, para consegui-lo, teria de virar um dos novos atacantes do time da FHS.

Peça número 2: Eu precisava tocar uma música em homenagem a minha falecida mãe e ao meu pai, e precisava de aulas gratuitas de violão para conseguir fazer isso.

Peça número 3: Fernando não sabia jogar futebol; Eu sabia.

Peça número 4: Eu não sabia tocar violão; Fernando sabia.

Para somar com tudo isso, eu havia sido expulsa do meu time e ele havia sido expulso da própria banda!

Era o destino.

Eu poderia ensinar Fernando a jogar futebol (ou pelo menos ensiná-lo a jogar direito, porque ainda não acreditava que ele realmente não saiba nada), e em troca ele me ensinaria a tocar violão! E sim! Ele sabia tocar violão mesmo! Segundo Gabriel, quem sabe tocar guitarra também sabe tocar violão, e, como vimos na Batalha de Bandas, Fernando parecia ser um bom guitarrista.

Depois do jogo daquele dia entre a FHS e a Korban, quando fomos para a minha casa, puxei Gabriel e Pedro para conversarmos a sós sobre o que eu havia escutado.

– Como assim ele não sabe jogar futebol? – perguntou Gabriel depois de me escutar.

– Bom, foi o que eu ouvi.

– A obrigação dele é saber jogar futebol... , o pai dele é treinador de futebol!

– E ele é brasileiro – completou Pedro já recuperado emocionalmente por ter perdido o jogo.

Fazia sentido essa frase naquela época, porque não sabíamos da conotação xenofóbica que ela tinha. Mas enfim, tudo isso que eles diziam fazia sentido. Fazia sentido até demais...

Ah, droga, será que eu ouvi errado?

Não.

Eu tinha certeza do que eu havia escutado.

– Estou inconformado! – Gabriel disse. – Até eu sei jogar futebol!

– Gabriel, não conta para ninguém, ok?

– Eu não vou contar para ninguém.

– Estou falando sério. Nenhum dos dois vai sair espalhado isso. Jonathan pode descobrir e então tudo estará arruinado. Contei para vocês porque eu confio em vocês...

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