Promessa é dívida, né não?
ENJOY!
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— O peito do pé do Predo é preto.
— O peito do pé do Pedro é preto.
— O peido do preto do Pedro é preto.
— Cala a boca, Gabriel. Tô tentando ensinar um trava língua pra Dinha.
— Cala a boca, Gabriel. Tô tentando ensinar um trava língua pra Dinha. – meu irmão mais novo me imitou, com a voz ainda mais aguda.
Respirei fundo, revirando os olhos, sem paciência.
Estávamos sentados no chão da sala da minha casa, com a TV ligada no Cartoon Network, comendo bolachas doces, enquanto nossos pais trabalhavam e minha mãe estava na cozinha fazendo pão. "Cuida da Amanda e do seu irmão direitinho. Você é o mais velho" ela disse antes de nos deixar sozinhos na sala de TV, com a responsabilidade pesando nas minhas costas pequenas de 8 anos de idade recém completados.
— O peito do pé do Predo é preto. – repetiu Amanda, de repente.
— Pedro. – corrigi. – Não é Predo. É Pedro.
— Eu sempre te chamei de Predo. – ela respondeu, contrariada.
— Mas agora você já vai fazer 7 anos. Tem que falar direitinho. – Dinha cruzou os braços e fez uma careta. – A mãe que pediu... – me expliquei, encolhendo os ombros, constrangido.
— Mas a mãe não tá aqui agora. A gente podia parar com essa besteira e ir assistir alguma outra coisa. – Gabriel disse olhando para a TV, que exibia um episódio já muito repetido de A Vaca e o Frango.
— Não quero assistir nada. Quero ir brincar. – Amanda respondeu brava, cruzando os bracinhos.
— Do que você quer brincar?
— De correr.
— Vou falar mais uma vez: não vou mais brincar de Sailor Moon. – disse Gabriel. – Se quer brincar correr, Amanda, inventa outro tema.
Ela suspirou, decepcionada, com sua ideia para tema indo por água a baixo antes mesmo de ter sido dita em voz alta.
— Por que você não ensina a gente a jogar futebol? – Gabriel sugeriu. – Agora você sabe jogar certinho e pode ensinar a gente.
— Isso! – Amanda respondeu animada, batendo palmas. – Ensina a gente!
— Hmm, não sei... – respondi incomodado. Eu não sabia jogar direito ainda, pra falar a verdade. Só tinha ido a três aulas da escolinha de futebol que meus pais haviam me colocado. – E se o pai da Amanda não gostar? É brincadeira de menino.
— Não é não! – Amanda respondeu enfezada.
— É sim. – eu insisti.
— Brincar de comidinha é brincadeira de menina e a gente fez isso na semana passada. – Gabriel argumentou. – Deixa de ser besta. A gente é criança. A gente pode brincar do que quiser.
— É! – Amanda concordou. – Me ensina a jogar futebol, Predo... Por favor! Por favor, por favor, por favor!
*
— Pedro – Gabriel me chamou. – Pedro, você está me ouvindo?
Tive de piscar um número significativo de vezes para perceber que eu não estava mais sentado na sala da minha casa, com 8 anos de idade; agora eu tinha 17.
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NOVEMBRO
Teen FictionAmanda Horstmann foi expulsa do time de futebol da escola (sua maior paixão) e, entre esse acontecimento, descobre que sua falecida mãe compôs uma música para seu pai quando ainda era viva. Motivada por essa descoberta, decide aprender a tocar a mús...