No intervalo das aulas do dia seguinte, Fernando e eu combinamos de nos encontrarmos no College Café novamente, para ele ouvir a música da minha mãe e pegar as notas.
Logo que entrei no café, já encontrei o pequeno Amargo sentado em um dos bancos estofados com couro vermelho, bebericando alguma bebida que eu não conseguia reconhecer de longe, e com seu olhar escondido por trás da aba do seu boné da Hard Rock Café.
– Trouxe o DVD? – perguntou antes mesmo de eu sentar em sua frente.
Eu já havia dito para Fernando que a música que eu queria aprender não era de nenhum artista e sim uma composição independente e que por isso a música estava em vídeo e não em mp3. Ele disse que era até melhor ser em vídeo porque ele poderia ver as notas em vez de só ouvi-las.
Ele estendeu sua mão e eu entreguei a cópia editada da cópia da VHS da minha mãe. Ali só havia a parte em que minha mãe tocava a música, pois não queria que Fernando visse o vídeo todo, óbvio (e imagino que nem ele queria também). Ele abriu a caixa de disco do notebook dele e em seguida colocou o DVD lá. Depois, ele pegou seus fones de ouvido, os conectou ao computador e os colocou nos ouvidos.
Enquanto ele ouvia a música em silêncio, eu pedi um café para passar o tempo, já que ao contrário do dentista, ali não tinha revistas de adolescentes a minha disposição para eu poder rir e me distrair daquela tensão – de mais alguém além de mim estar vendo (parte) do vídeo da minha mãe.
Terminei o café, mas Fernando continuava a ouvir e reouvir a música da minha mãe, anotando algo em um caderno com linhas diferentes das convencionais. Depois de quinze minutos que eu havia terminado meu café – minutos que pareceram intermináveis – ele tirou os fones de ouvido e o DVD de seu computador me devolvendo.
– Difícil? – perguntei.
– Não.
Suspirei com alivio.
– Pelo menos para mim não é.
O que eu mais gosto no Fernando é que ele emana positividade.
Ele me perguntou se podia ficar com o DVD, caso precisasse reouvir a música. Eu não neguei, e a conversa mudou para como organizaríamos as aulas. Chegamos à conclusão que um dia Fernando daria aula para mim, e no outro, eu daria aula para ele. A duração das aulas seria de duas horas por dia. Não teríamos aulas no fim de semana, mas o pequeno Amargo disse que me passaria "lições de casa" que não levantariam desconfiança alguma por parte de meu pai, e eu prometi que tentaria fazer o mesmo.
– Quem vai ter aula primeiro? – ele perguntou.
– Você faz questão que seja você?
– Óbvio.
– Ótimo, eu também. Então vamos resolver isso de uma maneira justa.
Ele deu de ombros enquanto eu pegava uma moeda do bolso.
– Cara ou coroa? – perguntei girando a moeda de 25 centavos entre os dedos.
Ele abaixou a cabeça para rir e depois levantou seu olhar para mim.
– Maneira muito madura de resolver as coisas.
– Cara ou coroa? – insisti com tédio.
Ele maneou a cabeça.
- Cara.
Joguei a moeda para o alto, depois a peguei com uma mão e a pousei nas costas da outra.
– Coroa! – disse feliz ao observar a moeda. Nunca tive sorte. – Prepare minha aula de violão, baby.
Sua língua se salientou em uma das bochechas, deixando claro que Fernando não ficou contente com a decisão do destino.
– Não me chame de baby – ele mexeu na aba do seu boné. – Tipo, nunca mais.
[Notas finais escritas enquanto eu ainda estava postando a história semana a semana:]
Olá! Não se esqueçam de votar!
Atrasei o capítulo de ontem, deixando meu título de "escritora de quinta" e assumindo o "escritora de sexta" hahahaha
Bom, como eu havia prometido, está aí mais uns cards dos personagens... Eu acho que não levo mais jeito para fazer essas ~montagens. Estou me sentindo no orkut (me digam que vocês viveram a época do orkut. Por favor. Não me façam eu me sentir velha).
Essa semana eu dei uma entrevista para a endofthedreams. Vocês podem ler as perguntas e respostas aqui: https://www.wattpad.com/273601239-falando-contigo-vanessasmarine
Bom, é isso.
Até semana que vem!
Marine.
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NOVEMBRO
Teen FictionAmanda Horstmann foi expulsa do time de futebol da escola (sua maior paixão) e, entre esse acontecimento, descobre que sua falecida mãe compôs uma música para seu pai quando ainda era viva. Motivada por essa descoberta, decide aprender a tocar a mús...