27 - Amargo Jogo

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Ninguém estranhou quando me viram sentada nas arquibancadas de cimento da quadra

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Ninguém estranhou quando me viram sentada nas arquibancadas de cimento da quadra. Todos sabiam que eu era amiga de infância de Pedro e que esporadicamente o via jogar. Também ninguém impediu que Fernando jogasse no time, como eu já havia previsto – ele era filho do treinador de algum daqueles garotos, e isso bastava. Até decidiram que Guilherme ficaria fora daquele jogo só para que o Amargo Junior pudesse jogar. Por um lado, senti prazer enorme com aquela atitude do time, mas por outro, senti certa inveja de Fernando, porque com certeza ninguém tiraria o Guilherme para me por no lugar. Aliás, por falar nisso, mesmo percebendo que eu estava ali, não me chamaram para jogar com eles como antigamente. E, sim, no fundo eu tinha esperança de que isso fosse acontecer.

- Olá, Tchutchuquinha.

- O que está fazendo aqui? – perguntei sem tirar os olhos da quadra para encarar Gabriel.

- Vim controlar seus ataques de histeria.

- Quais ataques de histeria? – olhei para ele indignada.

- Aqueles que você vai dar caso Fernando erre ou acerte alguma coisa que você já ensinou para ele.

- Shhhhh! – o repreendi com raiva, temendo que alguém pudesse ouvir (mesmo não tendo ninguém ao nosso redor para ouvir coisa alguma).

- Trouxe refrigerante para você – Gabriel falou me ignorando, enquanto mexia na sua mochila.

- Você sabe que eu não bebo refrigerante nos dias de semana.

- Uhum, sei. E quando você vai parar com essa frescura? – ele disse enquanto ainda revirava a mochila.

- Não é frescura. É uma boa alimentação. Eu sou uma atleta – eu disse, cruzando as minhas pernas e braços. – E você sabe disso.

- É, seu sei. Não é como se você me deixasse esquecer – ele comentou com ironia quando finalmente tirou algo da bolsa. – Toma aqui o seu suquinho detox – disse me estendendo uma garrafa de suco natural. – E por que está vestida assim?

Gabriel se referia ao uniforme de educação física.

- Ahm... Nada. Só estou com calor – menti. Eu tinha vestido o uniforme na esperança de que me chamassem pra jogar junto com eles. Agora estou me sentindo uma idiota por ter um par de chuteiras guardado na mochila. – Obrigada pelo suco – disse abrindo a garrafa e sorrindo de canto.

- Disponha – Gabriel disse abrindo seu refrigerante. – Não vou poder ficar por muito tempo, daqui a pouco eu tenho de ensaiar com o Grupo... – ele olhou o relógio. – Aliás, já não eram para ter começado com isso?

- Já, mas o Matheus está enrolado com os cadarços dele.

- Amorim, vai logo! – Pedro gritou como se tivesse nos ouvido.

Então Matheus Amorim terminou de amarrar seus cadarços e desceu para a quadra. Os garotos se posicionaram, Pedro assoviou e o jogo começou.

A partida seria rápida, visto o curto tempo que tínhamos de intervalo, mas já seria uma ótima oportunidade para ver se Fernando estava mesmo em bom condicionamento, aprendendo mesmo as coisas que eu ensinava para ele...

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